De tudo o que existe, nada escapa à
transfiguração e à mudança.
Nesta manhã de sábado, 2 de maio de 2015, olho para a
Aldeia e pressinto que já está a sonhar com o verão - gosto de acordar com o
optimismo no pensamento.
Num dia como o de hoje, sonhar com o
verão, só pode ser mesmo um exercício de memória...
Mas, nem todos conseguem fazê-lo. Para se ter memória, é preciso ter
colocado os sentidos na direcção das coisas.
Olho para dentro e recordo que os dias
foram passando e tomaram conta do meu corpo, envelhecendo-o.
Mas, a minha memória continua viçosa
e a mente está fresca e sorri - nada a conseguiu ainda obrigar a
ter pensamentos grisalhos.
Acabei de acordar, para mergulhar
directamente na manhã fria e cinzenta deste sábado.
O vidro da janela está inundado pela
humidade, como se estivéssemos ainda no inverno – e já é
primavera!
Olho através do vidro da janela do meu
quarto, inundado pela humidade, e dou conta que o céu está cheio de
nuvens.
A Avenida onde moro – a 12 de Julho,
a maior Avenida da minha Aldeia – só tem ainda carros.
Não é de estranhar - é sábado, dia
de futebol.
Logo mais os cafés vão encher-se para
ver na televisão aquilo que o meu povo gosta: futebol.
Na televisão, neste momento, está a
dar uma notícia, a que não presto atenção, sobre uma polémica
qualquer entre Jesus e o treinador do Porto – qualquer coisa
relacionada com troca de nomes...
Os pontapés e as cabeçadas dos
milionários, a meu ver, logo mais, é que vão ser importantes, pois alimentam o pensamento e os sonhos do meu povo.
Não ajudam a sair da crise, é certo. Mas, para a maioria de nós, os
pontapés e as cabeçadas dos milionários – por isso, é que eles
são milionários - servem para esquecer os nossos problemas e,
sobretudo, permite-nos insultar uns senhores que, antigamente, só
vestiam de preto ou branco.
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