* Provérbio turco
sábado, 30 de novembro de 2024
"Quando um palhaço se muda para um palácio, o palhaço não se converte num rei, o palácio é que se converte num circo"... *
Santana e as presidenciais: "se o Pedro Passos Coelho não for, eu sou capaz de ganhar ao Almirante Gouveia e Melo"...
Em 2025 existem 100 mil euros disponíveis para o by pass...
Imagem daqui |
Perante a marcha lenta do processo intermunicipal, a Figueira acelerou em direção a uma rede própria
Diário as Beiras.
«A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC) celebrou os contratos de concessão de transporte rodoviário com a empresa israelita Busway, com o processo a seguir agora para visto do Tribunal de Contas. A CIM da Região de Coimbra informou, no seu site, que os contratos de concessão dos três lotes do transporte de passageiros por modo rodoviário já foram celebrados com a Busway, que venceu o concurso público internacional. O processo segue agora para “fiscalização do Tribunal de Contas” para o visto obrigatório, último passo exigido antes de a concessão se poder operacionalizar. Em março, foi anunciado que o contrato seria adjudicado à Busway – que apresentou uma proposta cerca de 20% abaixo do preço base do concurso público internacional, por cerca de 40 milhões de euros mais IVA – envolvendo três lotes de transportes rodoviários para cinco anos (com possibilidade de mais dois) de exploração num território com cerca de 430 mil habitantes.
Figueira da Foz anunciou que está fora
Na passsada quinta-feira, o presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou que o município vai abandonar o sistema de transportes públicos concebido pela CIMRC, ainda antes de este estar a funcionar (ver notícia na pág. 8). O 1.º lote atribuído pela CIM à Busway abrange a Figueira da Foz.»
Acesso Regulamento para a abertura de Unidades de Saúde Familiar externas ao SNS prevê a seleção de inscritos “mediante requerimento”. Governo não diz que fundamentos serão válidos
Centros de saúde privados vão poder recusar utentes
«Propostas pelo Governo como alternativa à população sem médico de família, as unidades de cuidados primários a abrir por privados ou entidades do sector social vão poder escolher utentes. No diploma para a regulamentação dos centros de saúde privados, que está a ser ultimado e a que o Expresso teve acesso, consta a premissa de “escusa de inscrição de qualquer utente ou da sua manutenção na lista de utentes mediante requerimento fundamentado”. No diploma não constam os fundamentos válidos para a dita seleção de inscritos pelas futuras Unidades de Saúde Familiar modelo C (USF-C) e apenas é explicado que essa intenção terá de ser pedida à Unidade Local de Saúde (ULS) a que ficarão ligadas. O Ministério da Saúde também não esclarece. À pergunta do Expresso “as USF-C vão poder escolher e recusar utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) desde que exista ‘fundamentação adequada’. Que fundamentos poderão ser aceites?”, o gabinete de Ana Paula Martins respondeu que “a ULS atribui a lista de utentes à USF-C que tem de cumprir com requisitos de qualidade e de segurança” e que “as USF-C darão resposta aos utentes sem médico de família e está definido que essa oferta deverá localizar-se em zonas carenciadas de médico de medicina familiar”. O gabinete de comunicação do Ministério da Saúde adianta, porém, que “a escusa de inscrição [...] ou manutenção na lista de utentes” poderá aplicar-se apenas a quem já tenha médico de família no SNS. Mas, se assim fosse, o articulado não teria de explicitar que “qualquer utente” pode ser excluído e dispensaria ainda a exigência de “requerimento fundamentado” — bastaria referir que o inscrito tinha médico de família. O próprio diploma contradiz esta explicação do ministério. Na cláusula relativa à entrada dos utentes nos centros de saúde privados está escrito que a “entidade contratada” deve “assegurar o acesso aos cuidados prestados a todos os utentes que na USF-C se queiram livremente inscrever”, embora “com prioridade pelos utentes sem médico de família e residentes na área geográfica de influência, nos limites da capacidade instalada”.
“Seleção de bons utentes”
Pedro Pita Barros, economista da saúde, afirma que a escusa de inscrição ou de manutenção do inscrito “abre a possibilidade de ‘seleção de bons utentes’, recusando os que possam ser de risco ou acarretem um custo mais elevado, com base em fatores que sejam observáveis mas não contemplados no ajustamento ao risco que eventualmente esteja presente no mecanismo de remuneração das USF-C”. E alerta: “A condição de ‘requerimento fundamentado’ poderá não ser suficiente, na medida em que se desconhece o que preenche esse critério para que seja aceite a exclusão de um utente.” Por exemplo, “os elementos de custo esperado, associados a maior necessidade de cuidados, será motivo válido?”, questiona o economista.»
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Eles andam aí....
António José Seguro já ganhou. Os outros candidatos a Presidente da República podem arrumar os trapos. Slogan para a campanha: "vote Seguro para um País seguro"...
Imagem via Público
"O triunfo dos porcos"?..
«O Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra (TAFC) decidiu manter em funcionamento uma exploração agropecuária no concelho da Figueira da Foz, que devia ter encerrado a atividade em agosto por determinação de uma comissão decisória.
A informação foi avançada ontem à tarde tarde pelo presidente Pedro Santana Lopes, no decorrer de uma sessão de Câmara ordinária.
"Temos de respeitar os tribunais, mas discordo totalmente da decisão, dos fundamentos e da postura [do tribunal], pelo que não posso deixar de exprimir o meu profundíssimo desagrado", disse o autarca aos jornalistas, no final da reunião, adiantando que a Câmara foi notificada quarta-feira da decisão.
Em fevereiro, uma comissão decisória envolvendo diversas entidades, entre elas o município da Figueira da Foz e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, aprovaram o encerramento da unidade, que não foi concretizado após a empresa interpor uma providência cautelar no TAFC, que teve provimento.
A população de Carvalhais de Lavos, na freguesia de Lavos, onde se localiza a suinicultura, há vários anos que exige o seu encerramento, por motivos ambientais e de saúde pública, tendo no dia 13 deste mês efetuado uma manifestação que juntou dezenas de pessoas.
Os habitantes queixam-se que a situação ambiental tem-se agudizado nos últimos 15/20 anos, ao ponto de, atualmente, a população sofrer "um atentado ambiental" com cheiros nauseabundos e contaminação das linhas de água, a que é preciso colocar um ponto final.»
... passing by?
O ano passado, a maioria absoluta do PS, inviabilizou esta pretensão da comunidade figueirense que vive o problema da erosão a sul da barra do Mondego.
Entretanto, “o mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.
Figueira abandona sistema de transportes públicos da Região de Coimbra
Imagem daqui |
"O presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou ontem que o município vai abandonar o sistema de transportes públicos concebido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, que ainda não entrou em funcionamento.
“Está na altura de romper em definitivo” com a CIM naquela área estratégia.
“Estamos a trabalhar para dotar a zona urbana e não urbana de transportes adequados à nossa realidade”, disse o presidente da autarquia, referindo que para esse efeito está a ser ponderada a aquisição de veículos elétricos. O presidente da autarquia figueirense acrescentou que existe a possibilidade de serem adquiridos viaturas de transporte adaptadas à procura.
No final da reunião camarária de ontem, o autarca disse que a decisão não era "nenhuma surpresa", mas a concretização do que já tinha anunciado. No início de novembro, Santana Lopes disse que não estava satisfeito com a atuação da CIM em várias áreas, uma delas nos transportes. “Nos autocarros o concurso dura mais do que um mandato e ainda vão formar motoristas e ter um período de transição, o que é uma coisa de anedota”, enfatizou na altura. Nessas declarações, o autarca disse que a atividade da CIM Região de Coimbra “não está numa altura especialmente frutífera”, salientando que sempre falou bem da realidade das comunidades intermunicipais.
A CIM da Região de Coimbra tinha lançado novo concurso público para os transportes públicos rodoviários em 2023, depois de o primeiro procedimento ter ficado deserto, tendo feito uma revisão dos pressupostos do concurso e uma redução da rede em cerca de um milhão de quilómetros percorridos. Em maio, o grupo Transdev, que há muitos anos opera em Coimbra, recorreu à via judicial para tentar impugnar a decisão do concurso de transportes públicos rodoviários da região, processo vencido pela israelita Busway.
A operação futura desta rede de transportes rodoviários estará integrada no bilhete intermodal que irá servir toda a região (um bilhete único que permite usar esta rede, mas também o Metro Mondego e os transportes urbanos de Coimbra).
A reunião de Câmara ficou suspensa e vai continuar na próxima terça-feira, pelas 17 horas, para aprovar o Orçamento para 2025, que foi apresentado pelo executivo, mas que não foi votado devido a dúvidas levantadas pelo próprio presidente da Câmara."
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Esperam-se notícias do parlamento...
«...em 2025, estão previstas reforços de areia em Almada, bem como nas praias da Rocha, Três Castelos e Vau (Portimão), Garrão (Loulé), Furadouro e Esmoriz (Ovar), Cova Gala (Figueira da Foz). Haverá também a colocação de areia em duas zonas agrícolas junto ao mar, em Viana do Castelo e Esposende. A monitorização cabe ao projeto Cosmo, da APA, responsável pela prevenção dos 180 quilómetros de costa portuguesa em erosão.»
Nota de rodapé.
10 anos? Isto, sim, é preocupante.
Militares nas casernas, Gouveia e Melo no bar
«Muitos projetam Henrique Gouveia e Melo como uma figura mística, visionária. Um impulsionador e um estratega que vai devolver a Portugal a glória marítima do passado: um almirante D. Henrique. Há quem veja um calmante no almirante, eu considero tudo isto alarmante. É uma alucinação sintomática de uma epidemia de negacionistas da ideologia, que não consideram inquietante o facto de desconhecermos as posições políticas de um candidato a Presidente da República. (…)
Reunião de câmara: Orçamento de 139 milhões de euros é votado hoje
PRR com prazo apertado
As receitas correntes apresentam um aumento de 5,04% (mais 3.334.822 de euros) e as receitas de capital registam um crescimento de 148,88% (mais 41.661.774 de euros), lê-se na proposta que o executivo camarário FAP/PSD vai submeter a votos na reunião de câmara. A despesa prevista é de 139.124.651 de euros, 58.914.903 de euros (42,35%) relativos às despesas correntes e 80.209.748 de euros (57,65%) correspondem às despesas de capital. O acréscimo do valor do Orçamento Municipal de 2025 justifi ca-se pelo aumento das transferências de capital que, em termos absolutos, representam mais 39.651.360 de euros. Estas transferências correspondem, na sua maior parte, a apoios fi nanceiros não reembolsáveis e a comparticipações de fundos comunitários destinados à realização de investimentos nas áreas da educação e da habitação, sustenta a proposta que vai hoje a votos. No documento, o executivo camarário alerta que “o exercício económico de 2025 será muito exigente e simultaneamente desafi ante para as autarquias locais, nomeadamente com a execução dos investimentos previstos no PRR, que visam implementar reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado”. As obras financiadas pelo PRR têm de estar concluídas em finais de junho de 2026."Concertos de Natal
O ciclo de concertos de Natal promovido pelo Município da Figueira da Foz, em dezembro e em locais de culto religioso do concelho, começa no primeiro dia do próximo mês. O primeiro concerto realiza-se na igreja da Misericórdia de Buarcos, pelas 17H30, com o coro de câmara Canticus Camerae, da Assembleia Figueirense, sob a direção da maestrina Alexandra Curado. O segundo concerto, no dia 8 de dezembro, pelas 15H30, será no local de culto da Igreja Protestante / Reformada da Figueira da Foz, com a atuação do Coro Pequenas Vozes da Figueira da Foz, igualmente sob a direção da maestrina Alexandra Curado. O Grupo Coral David de Sousa, sob a batuta do maestro Vítor Ferreira, realiza dois concertos de Natal. O primeiro será no dia 15 e o segundo no dia 22 do último mês do ano, ambos às 15H30. O primeiro dos concertos do Grupo Coral David de Sousa terá lugar na igreja paroquial do Santíssimo Salvador, em Maiorca, enquanto o segundo realizar-se-á na igreja paroquial de S. Teotónio, em Brenha. Nota de imprensa enviada pela Câmara da Figueira da Foz frisa quer os concertos de Natal têm como “objetivo de promover valores de paz e amizade através da linguagem universal que é a música”.
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
terça-feira, 26 de novembro de 2024
Nada de novo...
Sobre os outros possíveis candidatos, Santana Lopes começa por defender que Mário Centeno não tem as características necessárias para ser presidente. António José Seguro seria, para o antigo militante do PSD, um melhor candidato para representar a área política do PS.
Quanto ao almirante Gouveia e Melo, Santana Lopes acredita que será candidato e que pode até conseguir sair vencedor.
O atual chefe do Estado-Maior da Armada informou o Governo de que não quer ser reconduzido no cargo, ficando, assim, com as portas abertas para uma candidatura presidencial, que, sabe a SIC, deverá ser anunciada em março.
Santana Lopes, há pouco mais de um mês, disse que o mais provável é recandidatar-se à Câmara da Figueira da Foz...
Algo está errado. Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho não tem 92 anos. É só fazer as contas: 2024 - 1987 dá 37 anos...
Devido ao crescimento em "ritmo verdadeiramente impressionante" da população escolar, os ministérios de Arantes e Oliveira e Leite Pinto (Obras Públicas e Educação Nacional, respetivamente) aprovaram um plano de construção a médio prazo de novos liceus, entre os quais o da Figueira da Foz.
A vida, a ética e os políticos (II)
25 de Novembro: uma AR a queimar pneus
"Ao celebrarmos os 50 anos de Abril seria do mais claríssimo bom senso evocar as datas mais importantes desse processo, do 28 de Setembro à aprovação da Constituição em 1976, passando, como é evidente, pelos 50 anos do 25 de Novembro. Já tentar fazer no 49.º aniversário da data algo semelhante à cerimónia da data fundadora do regime seria só ridículo, se não tivesse a gravidade de mais uma concessão da direita democrática ao radicalismo do partido de André Ventura. Que o CDS, que sempre perseguiu essa revisão, o fizesse ainda se consegue compreender historicamente. Já se estranha que uma força tão nova como a Iniciativa Liberal consiga equiparar a celebração do 25 de Novembro ao derrube da ditadura, como fez de forma lamentável o seu líder, mas a IL adora guerras culturais. Agora que o PSD, com toda a sua responsabilidade política, tenha proporcionado este palco a André Ventura é algo que se compreende muito mal e que o irá perseguir durante anos. Porque se ouvimos discursos sensatos das duas maiores figuras do Estado, o que ficará a ecoar nas paredes do hemiciclo é André Ventura a fazer peões discursivos com os seus temas divisivos, provocando muito fumo, sem sair do sítio e sem mostrar futuro. Mais uma exibição do zaragateiro da República, um momento baixo da história do Parlamento, do qual, infelizmente, o PSD foi cúmplice."
Nota de rodapé
Passaram mais de 15 anos desde que escrevi isto no OUTRA MARGEM.
A política, ouve-se dizer amiúde, deveria conter um elevado sentido ético, de missão e de serviço.
A ética, o sentido de missão e de serviço, na vida como na política, só podem ser um ponto de partida, nunca um ponto de chegada.
Os partidos, esses “chamados pilares da democracia”, não são propriamente uma escola de virtudes, de bons costumes e de lisura de processos.
Para mim, é claro há muitos e bons anos, que quem pretender militar com lisura num partido, seja ele qual for, da esquerda à direita, corre o risco de, mais tarde ou mais cedo, entrar em conflito e, no mínimo, se não se quiser aborrecer muito, acaba por ir "dar uma volta ao bilhar grande”, para arejar as ideias.
Portanto, para mim, discutir a vida interna dos partidos está fora de questão.
Verdadeiramente motivante, isso sim, é a discussão das consequências que as decisões políticas têm na vida de todos nós. Questionar ou comentar propostas dos poderes, assim como escrutinar a gestão da “coisa pública” e a aplicação dos dinheiros do estado, é um acto de cidadania a que, nem os cidadãos nem os políticos, estão habituados. Aliás, os políticos, sejam do poder central ou do poder local, sentem-se especialmente desconfortáveis se forem atentamente observados pelo cidadão normal.
Para mim, é para o lado que me viro melhor. A meu ver, político que não queira ser escrutinado, só tem uma coisa a fazer: mudar de vida.
Portanto, nunca irei compreender o engulho que as questões ou opiniões dos cidadãos geram em alguns políticos.
Se há alguém que deve esclarecimentos, são eles próprios, os políticos. Justificar, clarificar e demonstrar o interesse público das suas propostas de realizações é o mínimo a que estão obrigados.
A arrogância, a prepotência, a soberba e a falta de humildade democrática nunca ajudaram a alterar significativamente, para melhor, a vida dos cidadãos."
Decorridos mais de 15 anos estas palavras estão mais actuais do que nunca...
O 25 de Novembro que interessa e a quem interessa (reescrever) o 25 de Novembro
"Enquanto, no Parlamento, as direitas brincavam ao revivalismo histórico, celebrando o 25 de Novembro, assinalava-se o Dia da Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Os nossos deputados passaram horas entretidos a fazer a vontade à extrema-direita, celebrando o dia em que, há quarenta e nove anos, esta também foi vencida. Tudo por causa de uma guerra cultural que pretende reescrever a história, repisando a falsa narrativa que faz equivaler o 25 de Abril e a queda de quarenta e oito anos de regime fascista (!!!), a um 25 de Novembro que acabou com uns meses de PREC, matando as ambições revolucionárias do Partido Comunista e da extrema-esquerda.
Ora, estes falsos órfãos de Novembro, esquecendo-se que as pretensões contrarrevolucionárias da extrema-direita também foram vencidas na mesma data, ignoraram as vozes dos verdadeiros obreiros e (esses, sim) vencedores do 25 de Novembro, que não pretendem que a data valha mais do que sempre valeu, e organizaram um anacrónico “primeiro” aniversário de quarenta e nove anos, com o patrocínio de um PSD cada vez mais mobilizado por agenda alheia.
Desengane-se quem pensa que isto é uma espécie de fetiche pelo passado, porque esta gente não dá ponto sem nó e mira sempre adiante. A verdadeira intenção desta tentativa de sequestro do 25 de Novembro pela Direita é, em primeiro lugar, tentar esvaziar a importância de Abril e desassociá-lo da ideia (verdadeira) de que significou o parto da democracia (a sanha nunca passou!) e, em segundo, reforçar a narrativa (falsa) de que as forças de Esquerda (essas sim) são antidemocráticas e que foi a sua derrota, há quarenta e nove anos, o verdadeiro parto da democracia.
É preciso muito revisionismo histórico para, numa só efeméride, diminuir Abril, demonizar as forças que mais lutaram contra o regime fascista e pela liberdade (o Partido Comunista e os outros grupos de Esquerda), que estão aliás presentes na vida democrática portuguesa há cinquenta anos e, ao mesmo tempo, ainda transformar os derrotados (cujos contragolpes e atividades terroristas para reativar o regime não tinham a mínima sustentação popular e foram esmagados) em grandes protagonistas das celebrações! Reconfortante é comparar a comovente manifestação dos cinquenta anos de Abril que este ano tivemos, com a indiferença popular diante do saudosismo de Novembro.
Mas, voltando ao início, enquanto rolava a festinha, o 25 de Novembro que importa ficava para segundo plano. O que não surpreende, já que temos tido demasiadas demonstrações de que esta Direita, não só não têm nenhum interesse em lutar pela eliminação da violência contra as mulheres, como está mais interessada em eliminar os direitos (que nos custaram cinquenta anos a conquistar)."
Coca Cola e Democracia
Carlos Matos Gomes
Imagem de Nemésis, de Albercht Durer |
"As forças americanas que permaneceram na Europa após a Segunda Guerra trouxeram os seus produtos como os europeus haviam feito com os indígenas durante a sua expansão pelos continentes. Além das notas de dólar europeu, não convertível, os americanos trouxeram as suas roupas, jeans e meias de vidro, de nylon, canções e discos, hamburgueres, tabaco com filtro, creme Ponds para a pele das senhoras e Brylcreem para abrilhantar a cabeleira dos homens, preservativos e a sua democracia de mercado e toda a liberdade, desde que os movimentos sociais não interviessem nos lucros dos negócios.
A Coca Cola foi considerada a bebida da Democracia e da Liberdade. Onde havia Coca Cola havia democracia! No Portugal de Salazar não havia Coca Cola, logo não existia democracia, exceto em Moçambique por causa dos sul-africanos. Os suseranos locais. Em Angola vendia-se a Fanta, uma zurrapa ainda pior.
A retórica de impor a democracia para impedir que uma ditadura comunista se implantasse foi o prato forte da propaganda dos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra e da adoção da doutrina Truman, de détente, em que os Estados Unidos tanto invocavam o perigo do comunismo enquanto ideologia, como o perigo da expansão da União Soviética enquanto competidor estratégico. O argumento era utilizado segundo as conveniências. Tratava-se de domínio territorial.
O pragmatismo da política americana, isto é, a ausência de valores de referência, de escrúpulos, substituídos pelos interesses, e o desprezo pelos direitos humanos que caracterizaram a “doutrina Kissinger”, fizeram que esta sombria personagem emergisse simultaneamente como o mestre do golpe do Chile e dos massacres no Camboja e também como o padrinho da “democracia portuguesa” tendo o embaixador Carlucci como lugar-tenente e o major Melo Antunes como o agente local.
O golpe do 25 de Novembro foi financiado pelos Estados Unidos, com transferências feitas através da Internacional Socialista, que suportaram os novos órgãos de propaganda. Assim, de cor: Jornal Novo, Luta, Tempo, Europeu entre outros foram criados com fundos americanos, assim como a UGT foi financiada pelos sindicatos americanos e europeus. Também armas foram fornecidas e ainda hoje não se lhe conhece o paradeiro. Todas estas afirmações estão provadas e constam de documentos e publicações disponíveis pelo público. Não há desculpa para invocar ignorância.
Não será, com certeza, esta a narrativa oficial de cosi fan tutte — isto é, os outros europeus também abdicaram da sua autonomia e os mais disponíveis foram premiados — que vai ser cantada sucessivamente e a várias vozes na Assembleia da República. As lenga-lenga carregarão as cores negras do perigo comunista (que tinha sido arredado em Agosto à margem do Acordo de Helsínquia) e do levantamento nacional dos bons portugueses contra o totalitarismo (ação do ELP/MDLP e do clero ultramontano, devidamente olvidado — Pacheco de Amorim representará o ELP, mas virá alguém da arquidioceses de Braga? Ou Nuno Melo tomará esse encargo?), uma narrativa que esconde o fabuloso negócio da desnacionalização da banca, das Parecerias Publico-Privadas, do saque aos fundos europeus destinados a formação profissional, do desordenamento do território, em particular no litoral, para construção e corrupção.
Não existem narrativas oficiais que não representem relações de força num dado momento. Mas, neste caso, a narrativa oficial é tão mal cozida, ou cosida, assim se refira um mau cozinhado ou uma peça de roupa com os fundilhos esgaçados que o povo teve de ser excluído, não fosse alguém gritar que o rei ia nu. A imposição de uma narrativa oficial que exclua o povo será sempre uma ação totalitária que assenta na cobardia de quem a promove como um ato de fé.
A narrativa oficial do 25 de Novembro que vai ser apresentada na liturgia na Assembleia da República é um ato de cobardia e de vergonhosa humilhação. De cobardia pela não assunção do papel de gente por conta que desempenharam os celebrados e homenageados, e de vergonhosa humilhação por se apresentarem como homens livres quando foram meros caddies, os carregadores do saco com os tacos do golfista.
A celebração do dia foi encenada para ser um espetáculo de Televisão sem surpresas. Um reality show no qual os convidados se prestarão ao papel de figurantes graciosos e com as deixas preparadas. Os generais farão vénias aos ministros que os ofenderam, sem continências nem apertos de mão, os deputados que advogam os interesses dos banqueiros falarão sobre democracia e justiça social, os médicos que operam nas clinicas privadas falarão da democracia e do serviço nacional de saúde. Um almirante gritará da ponte de comando: Sus, a eles, aos infiéis russos! Do púlpito no centro do palco sairá, repetido a várias vozes, um sermão conhecido, a que os crentes dirão âmen com a cerviz baixa.
Alguns figurantes nacionais — menores, porque os maiores estão todos mortos, caso de Kissinger, Carlucci e Melo Antunes — emoldurarão as galerias como fantasmas e o facto mais significativo, segundo a comunicação social, é que a banda da GNR tocará o hino nacional duas vezes. Talvez fosse de propor que uma das intervenções fosse substituída pel’ Os Vampiros, do Zeca Afonso.
Também parece que o autor e principal animador da cerimónia dos mansos a que Vasco Pulido Valente designou pelos Devoristas, terá sido Nuno Melo, um menino de oiro (homenagem a Agustina Bessa-Luís) que é uma garantia de patriotismo e coragem. No livro Os Americanos e Portugal, de Bernardino Gomes, do Partido Socialista, já falecido, e de Tiago Moreira de Sá, que já foi do PSD e agora é eurodeputado do Chega, a tramoia do 25 de Novembro está muito bem explicada.
Por mim, propunha que a cerimónia terminasse com um magusto oferecido pela associação de bancos e pela embaixada dos Estados Unidos, uns porque que tiveram este ano lucros nunca vistos, e os outros porque andam de vitória em vitória desde o Iraque à Ucrânia, prova de que o 25 de Novembro valeu a pena.
Uma nota final e pessoal, custa-me ver uma personagem por quem tenho respeito e estima envolvidas nesta farsa. É que não se pode estar ao serviço do mesmo Kissinger que chefiou o golpe do Chile, que autorizou a invasão de Timor Leste pela Indonésia e dar da cara pela independência de Timor e abençoar o 25 de Novembro e os seus visíveis resultados de aumento de desigualdades e de injustiças. Acredito em razões de lealdade para com alguém que ele muito admirava e em que confiava. Melo Antunes. Sem nunca ter sido íntimo, nem seguidor político de Melo Antunes, julgo que este não se prestaria a caucionar esta cerimónia manhosa com a sua presença esfíngica."
Inesquecível...
"... 25 de Novembro de 2024, o dia em que o Presidente Ramalho Eanes com a sua provecta idade deu consigo ao balcão de uma taberna...
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Para que serve esta comemoração do 25 de novembro? Vasco Lourenço, capitão de Abril, responde a Daniel Oliveira
(Carlos Matos Gomes)
O 25 de Novembro resulta da decisão dos EUA atacarem o ponto fraco, que tinha a vantagem de estar a descolonizar Angola e estava dependente do auxílio americano para retirar os seus nacionais. Como é evidente nunca surge como razão para o 25 de Novembro a defesa da democracia, nem da liberdade, nem dos direitos do homem que amanhã serão invocados na Assembleia da República por coristas encoirados, sob o lema: Tudo pela Nação, nada contra a Nação! Serão proclamados, com voz embargada, valores e heróis. Ameaças e diabos. Milagres e mocadas em Rio Maior.
Em 1975, depois da Pérsia e da Jordânia corrigirem uma disputa fronteiriça, Kissinger encerrou o apoio aos EUA aos curdos numa ação que o Congresso classificou como de venda, justificando a decisão a um congressista: “Ação secreta não deve ser confundida com trabalho missionário.” Quanto ao golpe do Chile, em 1973, de acordo com uma transcrição desclassificada de uma reunião apenas duas semanas depois de Pinochet ter assumido o poder, Kissinger afirmou os diplomatas americanos que não deveriam colocar a questão das violações dos direitos humanos pelos golpistas, acrescentando: “Acho que devemos entender a nossa política: por mais desagradável que eles sejam, o governo [Pinochet] é melhor para nós do que Allende foi”.
Kissinger foi o mestre que conduziu o processo político em Portugal que conduziu ao 25 de Novembro e que, na narrativa oficial, restaurou a democracia em Portugal contra a ditadura comunista. O 25 de Novembro tem esta personagem de democrata exemplar como patrono! Como o seu São Jorge. É um facto."