Isto, nunca deveria ser possível acontecer num País que teve
"a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio"...
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
O homem que foi espancado por um agente da PSP em frente aos dois filhos – crianças que ainda tiveram de ver o avô a ser também agredido –, após o jogo Benfica-Vitória de Guimarães, foi interrogado esta segunda-feira de manhã pelo Ministério Público. À saída do Tribunal de Guimarães, José Magalhães negou ter insultado os agentes da PSP. "Algum dia eu imaginei que ia ser agredido? Algum dia eu ia faltar ao respeito a um agente da autoridade?", questionou. "O meu pânico foi pelos meus miúdos estarem a ver o que se estava a passar."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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