"Aquele senhor e aquela senhora que durante quase 5 anos de uma legislatura andaram todos os dias a dizer-nos que era imperioso retirar competências ao Estado, ler "meter os contribuintes a pagar", em favor de instituições privadas de solidariedade social, IPSS e Misericórdias, nomeadamente na áreas da saúde e da segurança social, com o pio argumento da proximidade no terreno e de melhor conhecerem as pessoas e as populações, vêm agora exigir ao Estado, ler "ao Governo", ler "ao PS no Governo", explicações sobre o dinheiro angariado ao bom coração e ao espírito solidário dos portugueses para acudir às vítimas dos incêndios, e à guarda das tais instituições particulares de solidariedade social instaladas no terreno e próximas às pessoas, deixando no ar a vaga insinuação de que é o Estado, ler "o Governo", ler "o PS no Governo" que se anda a governar pela calada com o dinheiro que não lhe pertence.
Não ter a puta da vergonha na cara é isto."
daqui
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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