quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Preocupante, não é o barulho dos sem ética e dos privilegiados... Preocupante, é o silêncio e o conformismo dos bons!..

Custa  admiti-lo, mas  o passado dos últimos 40 anos mostra que assim é, na minha Aldeia, na Figueira, em Portugal e no Mundo.
A esperança, a minha esperança, é que já tenhamos  atingido, pelo menos o extremo da degradação ética por parte de quem exerce o  poder.
Na Figueira, espanta-me e mexe comigo,  sinceramente, que a maioria do povo possa apoiar esta "maioria"
Sendo mais claro, espanta-me e mexe comigo, sinceramente, que a maioria dos  votantes possa continuar a apoiar esta "maioria", pois julgo que no máximo 3% da população seja composta por privilegiados, que (esses sim...) votam coerentemente nestes senhoritos que têm uma noção de ética política e social abaixo de qualquer protozoário!

Mas a vida é assim... Que hei-de fazer?
Pois, o mesmo de sempre: continuar a afrontar "os poderes", com os custos que quem não faz parte do "rebanho", tem de pagar...
Há linhas de que, custe o que custar, não nos desviamos. 
As normas de conduta devem, sempre, ser pautadas pela ética. 
Nesta vida de marinheiro, que passa pela análise dos comportamentos públicos dos politicos,  a moral, como capítulo (subjectivo) da Ética, não deve, nem é, para aqui chamada.

Citando Eça de Queiroz em 1800 e tal...O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”.

O que mais me preocupa, pois desde então nada ou muito pouco mudou, não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caracter, dos sem ética, mas sim o silêncio dos bons!
Daí, nesta Figueira de águas mornas, onde a luz é oblíqua e fugaz, ser algo gratificante verificar que a vida, de vez em quando, tem dias como deveriam ser sempre. 
As sombras ficam atrás de nós, porque presumo que todos gostamos de nos dirigir para o ponto de luz. 
O passado situa-nos, mas não nos pode limitar. Somos memória que necessita incessantemente de criar novas memórias.


Daniel Santos: gostei da crónica, com a sua assinatura, hoje publicada no jornal AS BEIRAS.
Com a devida vénia, passo a citar.
"Quando, por razões de classificação profissional, voltei a debruçar-me, mais maduro, sobre as questões de Ética, distantes ficaram os conceitos académicos difusos da filosofia em geral e do pensamento de Aristóteles em particular, fez-se-me então luz sobre a profundidade da ideia que o vocábulo encerra. E de como afinal é simples estabelecer a relação com o caráter e o comportamento. O comportamento humano radica afinal numa matriz de uma composição de séculos, resultado da evolução do pensamento que, face às circunstâncias de cada momento da História, compôs a ideia do bem e do mal e moldou o nosso caráter, a que Ortega Y Gasset atribuiu a maior importância. Tem um tronco comum que, no nosso caso, será de raiz judaico-cristã. É a partir dela que se formulou o Direito, que é afinal o responsável pelas leis que nos regem, em particular, a lei fundamental, a Constituição. A Ética aplica-se então a todas as áreas em que interfere o comportamento humano: no exercício da atividade profissional, nas relações sociais, no desporto, na comunicação social, na política, mas está muito para além do Direito. Pois é no cruzamento da possibilidade de opinar partidariamente na comunicação social (o que não está ao alcance de todos), com argumentos de notória defesa de interesses partidários e exercício de propaganda, que a tentativa de influenciar os eleitores, desrespeita os valores da Ética. Nada que seja novo, é certo, mas que urge combater." 

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