Um dia destes, o ex-jotinha Nuno Gonçalves que foi vice-presidente da Distrital da JS, quando o deputado e vereador figueirense João Portugal liderava esta estrutura socialista, substituiu Anabela Gaspar na administração executiva da Figueira Domus.
Não é só na Figueira que existem aviários de candidatos a "tachos" e a políticos. Portugal, todo ele, incluindo as ilhas adjacentes, é um enorme aviário de candidatos a "tachos" e a políticos. Vasco Pulido Valente, na passada sexta-feira, publicou esta oportuna e actual prosa.
«Como ele, houve centenas de pessoas que, por causa de uma educação perversa nas “juventudes partidárias”, entraram na meia-idade (os 35 anos de que fala Dante) sem um passado profissional e com uma visão do mundo distorcida pela incessante intriga a que se reduzia a actividade interna do PS e do PSD e em que participavam de pleno
direito e, às vezes, como personagens maiores. Pior ainda, esta espécie de currículo dava uma certa autoridade a gente a quem faltava qualquer outra. Não vale a pena falar de António José Seguro. Mas basta lembrar que António Costa proclama por aí com orgulho que se inscreveu no PS aos 14 anos, para se perceber a natureza da aberração que os partidos promovem, julgando manifestar a sua perenidade e a sua força. Como se a perenidade e a força consistissem em enganar inocentes, abaixo da idade do consentimento político. A condição dos membros das várias “juventudes” dos partidos (que vão até aos 30 anos) acaba por ser uma condição de relativa irresponsabilidade, sobretudo para aqueles que exercem cargos no “aparelho”. Os deveres para com a sociedade e o Estado são obscurecidos pelas pequenas lutas domésticas pelo poder e pela grande questão de saber se a seita consegue ou não ocupar o governo e o Estado – fonte de favores,
recompensas, influência e dinheiro. Este mundo fechado sobre si próprio não se importa muito com o mundo exterior e não exige um comportamento cívico exemplar. Pelo contrário, tolera uma imensa quantidade de “erros”, por assim dizer, em nome do interesse superior da facção. Do incidente fiscal de Pedro Passos Coelho só uma coisa se deve concluir: as “juventudes partidárias” precisam de ser abolidas, como primeiro acto para a regeneração do regime. Os jovens que se inscrevam onde quiserem na idade de votar e que sejam tratados como o militante comum. Que os partidos não sirvam mais de educadores da “classe política” e aviário de ministros. Basta o que basta.»
2 comentários:
Sempre achei que havia por aí muito socialista de aviário: a condição é a filiação na JS e depois é deixar correr a coisa sem levantar grandes ondas...
Sr Anónimo, olhe que há mais jotas...
“O problema não é haver jotas, o problema é haver pouca gente pensante nas jotas, porque se mais houvesse, mais cabeças haveria a pensar, mais braços haveria para lutar, fosse por que jota fosse.” - Ouvi na hora da bica….
Do lado do PS, a Sócrates sucedeu António José Seguro (ex-líder da JS), enquanto a análise dos currículos dos seus sucessores (Sérgio Sousa Pinto e Jamila Madeira, por exemplo) demonstra um trajecto que pouco se diferencia do de antecessores ou sucessores de Pedro Passos Coelho (caso de Carlos Coelho, Jorge Moreira da Silva ou Pedro Duarte).
O actual governo está cheio deste tipo de jotinhas que, em tirocínio, usaram a JSD e as questões da juventude como trampolim (Passos Coelho, Miguel Relvas, Miguel Macedo, o próprio Aguiar Branco); um pouco como com Pedro Mota Soares no caso da JC/JP.
No PC ser-se jotinha é, sobretudo, ser funcionário-júnior do partido. São exemplos Bruno Dias, Miguel Tiago, Rita Rato (a jovem que desconhecia os Gulag).
Quanto ao Bloco, nem sei bem: mas aquilo parece-me ser tudo jota (J Louçã; J Fazenda; J Semedo..)
A única motivação que tem em mente: uma carreira sem um único objectivo que não seja o pessoal; sem qualquer preocupação cultural; sem preparação; sem estudo; sem um livro; sem ideologia; sem convicção.
O problema é que passaram a maior parte da sua adolescência e início da idade adulta em formação política, intrigas para vencer eleições em associações de estudantes e a arranjar patronos para subir depois na cadeia alimentar do sistema político.
Os jotinhas são os mais lídimos representantes da partidocracia em que degenerou o nosso regime. Estes jotinhas não são uma renovação porque surgem mais partidarizados que politizados em ideologias estreitas e com pré-vicios de poder, verdadeiros “wanna-be’s” das estruturas de poder…
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