segunda-feira, 9 de março de 2015

A recordação pelas brumas da memória da "boa e má moeda"...

«Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o País». 
A frase, de Cavaco, que pode bem vir a ficar para a História como o "Presidente do Silêncio", consta do prefácio escrito na IX edição dos "Roteiros" de Belém, publicado hoje pela Presidência da República. 
Santana Lopes, que acha que encaixa no modelo de PR defendido por Cavaco já veio apressar-se a vir à colação, dizendo que cumpre os requisitos do perfil. 
A memória é curta. Vejamos: é de uma arrogância extrema um Presidente ainda em funções dar-se ao luxo moral de traçar um perfil para o seu sucessor;  é imprudente, Santana, para surfar a onda, esquecer-se rapidamente da "boa e má moeda", em que ele próprio foi o destinatário, num artigo de Novembro 2004 no Expresso escrito por Cavaco Silva, então professor.
Recorde-se: em 2006, dois anos depois depois da queda do seu governo, o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes chegou a atribui-la  a “uma conjugação objectiva de interesses de diferentes origens partidárias” e considerou que Cavaco Silva “foi um protagonista importante” neste período político.

2 comentários:

Martinha Lacerda disse...

Há sempre alguém disposto a aproveitar-se das intervenções ridículas de Cavaco, para mostrar que consegue ser ainda mais ridículo.
É o caso, por exemplo, de Santana Lopes que diz encaixar-se no perfil traçado por Cavaco para o seu sucessor.
Se Portugal fosse uma Monarquia compreendia que Santana Lopes - apesar de ter sido considerado por Cavaco má moeda- estivesse muito orgulhoso e se sentisse candidato à sucessão.
Só que serão os eleitores a decidir quem será o próximo PR e Santana Lopes devia saber que, neste momento, qualquer candidato apoiado por Cavaco Silva está derrotado à partida.
Pela boca morre o peixe e, ter-se auto incluído na lista de presidenciáveis de Cavaco, foi um tiro no pé que os outros potenciais candidatos agradecem.
Se há coisa que qualquer candidato a Belém deseje é não ter o seu nome associado ao actual inquilino, pois isso significa derrota certa.
Com o aproveitamento ridículo de um prefácio, Santana Lopes terá eliminado quaisquer hipóteses de chegar a Belém.

A Arte de Furtar disse...

Como é que alguém que tão mal desempenhou o seu cargo, considerado por quase toda a gente como o pior PR da nossa Democracia, que é alvo de chacota quase todos os dias pelo que faz e pelo que deixa de fazer, repito, como é que alguém assim, tem o enorme descaramento de traçar o perfil do próximo ocupante do cargo?

E que nos interessa a nós o que Cavaco acha ou deixe de achar do futuro PR?

Já não há pachorra para as inúmeras vezes que disse “eu já tinha avisado” ou “ o Presidente não comenta…”. Chega a ser confrangedor escutar Cavaco!

Esta desfaçatez só não é mais risível porque há sempre os que se prestam a fazer de palhaços. Desta feita, Santana Lopes não se rogou, mais uma vez, a partilhar o ridículo com Cavaco, ao vir a correr para a comunicação social afirmar que se encaixa perfeitamente naquele perfil.

É um fartote de rir!

Cavaco Silva diz que é presidente da República portuguesa. Afinal, tem sido apenas um mandatário de Passos Coelho.

Só espero que, da próxima vez, o povo português tenha a sabedoria de evitar mais um erro de casting como foi o actual ocupante do Palácio de Belém.