Faleceu doente, triste e sozinha.
Sozinha porque eu, filho único, estou
em Luanda a trabalhar. O trabalho de cujo rendimento preciso para
viver. O trabalho que me é negado em Portugal por ser alguém que
não me calo.
E, mesmo desse rendimento, os senhores
que nos governam me ROUBAM 90% (não é gralha, são mesmo 90%):
- 30% de IRS;
- 35% de TSU (tenho de pagar a minha e a do empregador – é assim mesmo para os recibos verdes), para uma Segurança Social da qual NADA tenho direito a usufruir;
- 20% de taxa média de IVA;
- 5% para os restantes impostos e taxas (IUC, IMI, ISPP, etc…, etc…, etc…).
- 30% de IRS;
- 35% de TSU (tenho de pagar a minha e a do empregador – é assim mesmo para os recibos verdes), para uma Segurança Social da qual NADA tenho direito a usufruir;
- 20% de taxa média de IVA;
- 5% para os restantes impostos e taxas (IUC, IMI, ISPP, etc…, etc…, etc…).
Faleceu doente, triste e sozinha uma
Senhora que escolheu chamar-me Carlos, porque era um nome que,
etimologicamente, significava: Homem Livre.
Como todas as mães, ensinou-me muita
coisa ao longo da vida. Mas, acima de tudo, ensinou-me a ser isso
mesmo: um Homem Livre.
Faleceu doente, triste e sozinha, num
País que se está a desagregar moralmente a olhos vistos.
Faleceu doente, triste e sozinha, num País que expulsa os que se atrevem a ser Homens Livres.
Faleceu doente, triste e sozinha, num País que expulsa os que se atrevem a ser Homens Livres.
Faleceu doente, triste e sozinha. Não
sei sequer se consigo chegar a tempo do funeral. Estou revoltado
contra TODA a escumalha que me obrigou a estar longe, por necessidade
de sobreviver.
Faleceu doente, triste e sozinha.
Em Honra dela, da Senhora que me
ensinou a ser um Homem Livre, faço aqui uma promessa solene (de
Homem de palavra que me Orgulho terem-me ensinado a ser):
- Não mais darei descanso a TODA esta
CANALHA que a obrigou a falecer doente, triste e sozinha!
Um dia estes CANALHAS, de TODAS as
cores, mais tarde ou mais cedo, deixarão de andar rodeados de
seguranças, públicos (pagos por nós todos) ou privados (pagos com
o que nos roubam). E nesse dia eu irei aparecer qual assombração.
E, mesmo tu, meu CANALHA de Estimação,
que por inerência de funções terás segurança (da pública, paga
por todos nós) para o resto da tua vida, mesmo tu, eu dizia: vais
ter de olhar por cima do ombro muitas vezes. Mesmo a ti, um dia eu
irei aparecer qual assombração.
Faleceu hoje a minha mãe. Faleceu
doente, triste e sozinha. Estou revoltado!”
1 comentário:
Pungente texto.
A realidade de mais um português que teve que sair da “zona de conforto” (“O secretário de Estado Alexandre Mestre afirmou sobre os jovens portugueses que "se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras".);
mais um português que concordou com o primeiro-ministro quando “apelou aos portugueses para que adoptem uma "cultura de risco" e considerou que o desemprego não tem de ser encarado como negativo e pode ser "uma oportunidade para mudar de vida".
Este testemunho não pode deixar ninguém indiferente.
Obrigado por ter publicado.
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