segunda-feira, 9 de março de 2015

Mais uma ironia do nosso destino: fim da cláusula do IMI traz aumentos de 500%

Os proprietários vão começar a receber nos próximos dias as notificações para pagarem o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). E, desta vez, não vão poder contar com a cláusula de salvaguarda. Em média, a factura a pagar em 2015 será entre 35% e 40% mais cara. Mas, em alguns casos, os aumentos vão chegar até aos 500%. 
E é para pagar já em abril.
«Depois da reavaliação dos imóveis, o agravamento médio do IMI deveria rondar 350% a 400%, mas a cláusula de salvaguarda ajudou a diluir estes aumentos. Agora, prevê-se uma subida média na ordem dos 35% a 40%», afirmou ao "Dinheiro Vivo" Domingues de Azevedo, bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.
Quer dizer: o aumento do IMI vai onerar ainda mais um orçamento familiar, reduzido pelos sucessivos cortes e taxas e impostos e o desemprego e, por consequência, vai  desincentivar a compra de casa própria.
Reparem a ironia: neste momento em Portugal, para muito proprietário, o sentimento de propriedade começa a ser pernicioso, penoso e, sobretudo, difícil de suportar...
E vivemos nós numa sociedade que se quer subserviente e respeitadora do património individual, dos valores e das hierarquias - no fundo, uma sociedade ultra liberal governada por uma direita ultra defensora da propriedade privada!..
Alguém entende a política promovida por estes fulanos do governo?..  

1 comentário:

A Arte de Furtar disse...

Dies Irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'