"É sempre ingrato pedir que baixem o volume da aparelhagem, ou que não falem tão alto no meio da rua durante a noite; ou ainda que mandem calar o cão que ladra sem parar. Os outros querem fazer barulho, nós queremos ter sossego e poder dormir. Haverá que encontrar um meio termo e acautelar, acima de tudo, a saúde pública. O esvaziamento do Bairro Novo, e a desvalorização das casas, também se deve ao ruído. É impossível para uma família com crianças viver paredes meias com um bar que tem a porta aberta até às 4 horas de madrugada. Se ainda fechassem a porta impedindo que o ruído se espalhasse, mas nem isso acontce. Fiscalização e medição dos níveis de ruído? Não há. Logo é difícil passar coimas e provar que é “este bar” que está “acima da Lei”. A Câmara Municipal faz cartas de ruído, apresenta regulamentos e é a entidade reguladora neste campo. Contudo, a sua ação é tanto ineficaz quanto conivente com o ruído excessivo. Autorizar concertos de rock em espaços públicos após as 24h00, afetando zonas residenciais, é um atentado à paz dos munícipes. Impedidos de dormir, sofrem em silêncio. As queixas dirigidas à PSP tem uma resposta única: “A Câmara Municipal autorizou, têm licença de ruído, logo nós não podemos fazer nada”. Noutras latitudes é impensável uma Câmara Municipal autorizar concertos, bailes, eventos,... etc , em zonas residenciais depois das 23h. Por cá, passa-se o oposto a própria Câmara patrocina e autoriza eventos em espaços públicos que têm início após a meia-noite."
Nota de rodapé.
Esta crónica foi hoje publicada no jornal AS BEIRAS.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Mas estamos a brincar? "Música" no jardim às 24h/0h?
Só porque aquilo é promovido pelo Menino do Surf e funcionário da CMFF convém agora em alturas de eleições.
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