É impressionante a falta de sentido crítico com que os media têm difundido a notícia da “doação” da fortuna de Zuckerberg à caridade internacional, transmitindo a ideia de um filantropo profundamente generoso, completamente desligado da volúpia do clube dos multimilionários norte-americanos, realizando um sacrifício pessoal por “um mundo melhor”.
Quando se lê com rigor a carta de Zuckerberg, percebemos que não é bem assim...
Como pode ler clicando aqui, nada disto é novo.
A fundação da família de Bill Gates funciona em moldes semelhantes e como já foi denunciado em várias peças de jornalismo de investigação, a sua actividade económica mais importante é o investimento em fundos e em produtos financeiros. A caridade é uma actividade quase de fachada financiada apenas com os juros e os dividendos da sua fortuna envolvendo quantias bem mais modestas que as transacções da fundação de Gates nos mercados financeiros.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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