quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Crónica do Cabedelo, escrita por um D. Corleone feliz e sem lágrimas...

foto António Agostinho
Estávamos à espera que, hoje, voltassem tempos de chuva.
O Verão, no calendário, foi-se há muito!
Aliás, tem-se notado bem, apenas porque os dias encurtaram.
O ciclo repete-se, mas o Outono, que é fantástico e neste ano tão ansiado, não há meio de surgir.
Confeso que já tenho saudades da paisagem tomada por tons de cinzento.
É certo, que o som monocordicamente ritmado da chuva a cair,  torna a maioria de nós ainda mais amorfos e distanciados dos outros, como que pequenas ilhas isoladas formadas pelas águas que sulcam e amaciam os terrenos...
Nos dias de chuva, parece-me que as as pessoas ficam mais iguais, mais cinzentas, mais sós...
A chuva tem esse triste sabor de uma igualdade imposta. E, isso, é incómodo para quem detesta coisas impostas.
No geral, são ainda dias tristes e sem imaginação!
Só um observador atento, protegido pela vidraça de sua casa, que gosta de passar despercebido, como eu, pois a condição de observador apenas joga bem com a discrição,  consegue ver a importância da chuva para a igualdade.
Já agora, que estou num momento de confissão, ficam a saber que gosto desses dias, pois sou um ser atavicamente tímido... 
Eu sei que não pareço... Mas, acreditem, sou-o!
Ah, mas onde é que ia?
Hoje estávamos à espera de chuva...
Desta esplanada, faça chuva ou faça sol, vejo os surfistas a andarem neste mar ao longo de todo o ano!
Isto é o Cabedelo, a sua praia e o seu mar.
Eles - os surfistas - são, com toda a certeza gente, que se diverte com o seu desporto favorito!
Para mim, é sempre um prazer estar sentado na melhor esplanada da Figueira da Foz, ver a praia, magnífica, e, ao mesmo tempo, vê-los a brincar e a sorrir às ondas.
Há pequenos nadas que nos proporcionam um prazer imenso.
São momentos que ninguém nos pode tirar.
A maioria dos ricos, que se julgam também poderosos, há muito perderam a capacidade de se maravilharem e de conseguirem ser felizes.
Não estou a fazer a apologia da pobreza.
Apenas a  constatar que não é preciso muito para fazer sorrir verdadeiramente uma pessoa!
As coisas mais importantes para nos fazer sentir bem, não é o dinheiro que as consegue comprar.
Depois, há uma diferença fundamental entre as coisas importantes e a importância que damos às coisas.
Estou em crer que a maior parte das coisas que consideramos essenciais, melhor faríamos em lhes virar as costas.
Claro que há coisas verdadeiramente decisivas na vida, mas são poucas...
E, normalmente,  só tarde é que lhes atribuímos o devido valor!

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