sábado, 25 de novembro de 2017

O verniz democrático...

25 de Novembro: ..." um grupo de militares e de partidos da extrema-esquerda que reclamavam para si a legitimidade revolucionária do 25 de Abril e, em oposição, um outro conjunto de militares (liderado pelo chamado “grupo dos 9”) e os partidos do PS (inclusive) para a direita que contrapunham a sua legitimidade democrática, decorrente dos resultados das eleições para a Assembleia Constituinte do Abril anterior. O primeiro dos colectivos subscrevendo um modelo do tipo “democracia popular”, o segundo apontando para um modo de organização política, económica e social alinhado com os países mais avançados da Europa Ocidental.
Conhecemos hoje o desfecho dessa contenda e devemos, julgo eu, celebrá-lo. Ainda que o combate tenha tido uma componente militar forte, convém enfatizar o papel do PS na disjuntiva com que o país esteve confrontado. E a definição do lado em que o PS esteve no 25 de Novembro, e ao longo de todo o “verão quente”, foi resultado directo da escolha que, em Dezembro de 1974, no 1º Congresso na legalidade, o PS fez. Esse momento, em que Mário Soares derrota Manuel Serra e escolhe a via moderada e reformista, decide muito do futuro de Portugal."
José Fernando Correia, no jornal AS BEIRAS.

Nota de rodapé.
O 25 de Novembro, pelo menos para a minha geração,  é um dia a não esquecer. 
Foi num dia 25 de novembro, já lá vão 42 anos, que  terminou o sonho de uma geração - a minha - que acreditava num mundo melhor.
Nesse dia, em Portugal, a democracia sofreu  uma derrota histórica.
As suas consequências, ficaram visíveis pelos governos que se seguiram. Porém, só depois da governação de Passos/Portas, a partir de 2011, é que nos apercebemos da realidade em toda a sua dimensão.
Na derrota de há 42 anos, não se pode acusar a direita de ser responsável por nada. 
A responsabilidade foi nossa - da esquerda. 
A responsabilidade pertenceu aos que na euforia de vitórias de curta duração foram sectários, triunfalistas e não tiveram capacidade para fazer e consolidar alianças que, num espírito de compromisso democrático, garantissem a vitória.
A História, sem deturpações, é conhecida. A partir do momento em que o genuíno MFA se fraccionou, depois de já terem sido politicamente eliminados os elementos espúrios que por oportunismo político tinham alinhado no 25 de Abril, ficou selada a derrota. 
Tudo começou e acabou ai.
Importa também sublinhar que, nem todos, embora fossem poucos, os que estavam com o 25 de novembro concordaram, posteriormente, com os seus desenvolvimentos.
Muitos nem suspeitavam da amplitude das mudanças que estavam a promover como protagonistas activos.

É evidente, que havia, na maioria conjuntural que se formou há 42 anos, gente perfeitamente integrada na lógica da direita e ao serviço das suas estratégias.
Outros há, e são muitos, que nesse tempo estavam do lado das forças que foram derrotadas, mas, hoje, renegam esse passado...
Esses, são os que desprezo...

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