"As peixeiras portuguesas, com as velhas canastras ou com o latão à cabeça foram um símbolo das mulheres do país.
Os homens trabalhavam no mar. Elas em terra, vendendo o peixe e cuidando da casa.
Durante a actividade das “Artes” era vê-las, um exército de mulheres, a aguardar a chegada da rede com o peixe fresquinho, ainda vivo a saltar.
Depois de canastras ou de latão à cabeça, a correr ou de passada lesta iam vender o peixe pelos lugarejos distantes, garbosas, alegres e muita genica.
Com os seus pregões alegres, voz cantante e bem vincada, chamavam pelas freguesas: «Olh’ó peixe fresquinho… Venha freguesa que é do nosso mar… Quem quer sardinha, fresquinha do nosso mar! Quem quer?»"
(Acabei de citar o meu Amigo Manuel Cintrão)
Esta foto e o texto escrito por um velho camarada de luta e Amigo, fez-me lembrar o ambiente familiar em que vivi a minha meninice e, sobretudo, a minha Mãe...
Cresci numa sociedade sem classes e tenho o maior orgulho nisso.
Para quem não saiba o que era uma sociedade sem classes na minha Aldeia, nos anos sessenta/setenta do século passado, a explicação é simples: ninguém na mesa sabia usar um talher de peixe.
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