Pois...
Podia acrescentar muita coisa...
Mas, não vou dizer nada.
Muito menos, recontar a fábula da cigarra e da formiga...
Até porque, do meu ponto de visto, a formiga apenas trabalhava, porque não sabia cantar!
Portanto, por hoje, passo a citar, com a habitual e devida vénia, João Vaz, consultor de sustentabilidade.
O texto foi ontem publicado no jornal AS BEIRAS...
"Descrever a Figueira da Foz a um estrangeiro que vive afastado do mar é um desafio fascinante. Podemos começar pelo lado mágico do Oceano Atlântico. Todos os dias são diferentes, muda a cor, a intensidade das ondas e alteram-se as marés. Uma dinâmica muito própria de uma massa de água com vida, tão indomável quanto serena e apaziguadora. É um prazer renovado ver os barcos a entrar e sair da barra. Os cascos enormes, em aço, pesados e lânguidos, dos cargueiros que levam as «exportações portuguesas» para o resto da Europa. As traineiras e barcos de pesca, atraindo gaivotas, trazendo peixe fresco até terra. Além da proximidade da praia e do rio, a Figueira tem a beleza das matas e salinas, a conjugação de um clima ameno com uma terra diversificada e frutuosa. Deve haver poucos locais na Europa com uma tamanha «biodiversidade», tanto biológica como estética. Uma verdadeira dádiva da Natureza, em especial para aqueles de nós (ainda poucos e cada vez em menor número) que sentem uma ligação mágica ao chão que pisam e às flores que espontaneamente brotam nas areias da praia e nos passeios da cidade. Neste cenário de riqueza natural, torna-se difícil explicar ao estrangeiro que a cidade tem um grave défice urbanístico. Milhares de casas, prédios e edifícios continuam abandonados, os espaços verdes estão ameaçados de conversão …em «Shopping» e mais «casas»."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário