O dia 18 de Abril foi o dia escolhido pela UNESCO para sensibilizar os cidadãos para a protecção e valorização do Património Histórico, tendo sido instituído o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.
Ontem (18 de Abril de 2017), na Figueira da Foz, nenhuma voz se fez ouvir para condenar o atentado perpetrado contra o Monumento aos Mortos da Grande Guerra. Nenhuma voz se levantou para exigir a (re)colocação da ESTRELA prateada que o encimava e que, por motivo desconhecido, está desaparecida HÁ MAIS DE 3 ANOS!!!
Foi a vontade de homenagear os mortos das duas unidades militares aquarteladas na cidade - o Regimento de Artilharia nº 2 e o Regimento de Infantaria nº 28 -, uma iniciativa cívica que a Câmara Municipal de então, deu corpo. E não sem polémica!
Considerado o Monumento como uma obra sem qualidade artística que, "na sua pelintrice e na inexpressão" era um "insulto aos pobres soldados, um insulto à arte e ao bom gosto, e ainda um insulto ao mérito do grande artista e mestre catedrático a quem se atribui a autoria do monumento [António Augusto Gonçalves], que deve (sic)ser antes de algum seu discípulo incipiente, para ficar mais baratinho à Câmara(...), como se escreveu no jornal "O Figueirense", na página 2 da sua edição de 15 de Junho de 1946. [conforme citação do Prof. Doutor Rui Cascão, na sua "Monografia da Freguesia de São Julião da Figueira da Foz, pp. 633 e 634]."
Fosse como fosse, e tendo demorado 7 anos a ser concluído, o Monumento aos Mortos da Grande Guerra é (era) um obelisco encimado por uma ESTRELA prateada. Liberdade artística? NÃO!
A Estrela prateada é (era) a razão de ser do monumento!!!
PORQUÊ? Porque apenas os combatentes e as unidades que estiveram na frente de batalha e suportaram o fogo inimigo, e se distinguiram pela sua acção militar têm (tinham) o direito ao uso/exibição desse sinal distintivo. De igual modo, sucedia com a atribuição da Medalha da Vitória, que todos os combatentes da Grande Guerra (em princípio) tiveram direito. Apenas a alguns, e não a todos, foi atribuído o uso da Estrela na passadeira da medalha.
A ESTRELA prateada no Monumento aos Mortos da Grande Guerra da Figueira da Foz não é um pormenor que se possa "esquecer". É o elemento essencial, que lhe dá significado.
É URGENTE repor a dignidade do monumento que nasceu do querer do povo da Figueira da Foz!
Onde está a ESTRELA?
Via Manuel Mesquita
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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