sexta-feira, 14 de abril de 2017

Morreu a mulher que aprendeu com os gregos que as coisas belas são difíceis

"(…) Os que não conseguem lembrar o Passado estão condenados a ter que o repetir (…)"…
[ George Santayana, 1905 ]

"(…) Que os homens não aprendem muito com as lições da História é a mais importante de todas as lições que a História tem para ensinar (…)"…
[ Aldous Huxley, 1959]

Maria Helena da Rocha Pereira tinha 91 anos. Foi a primeira professora catedrática da secular Universidade de Coimbra. A primeira em 666 anos. (A primeira a prestar provas. Carolina Michaelis tinha sido convidada.)
Viveu sempre com os antigos. Abraçou o estudo dos gregos e latinos como se abraça o sacerdócio. Não casou, não teve filhos. 
É por causa dessa dedicação exclusiva que podemos ler em português a «República» de Platão ou «As Bacantes» de Eurípides, por exemplo. Elaborou a «Hélade», antologia da cultura grega, porque os alunos provenientes dos mais diversos cursos nem sempre sabiam grego. Traduziu a «Medeia» ou a «Antígona» a pedido do grupo de teatro da universidade. 
Mas dizia que detestava traduzir. 
Gostava muito era de estudar e ensinar e a isso votou a sua existência. Ensinou durante quarenta anos. Passou a professora jubilada em 1995. Deixou de dar aulas, mas continuou a orientar mestrados e doutoramentos.
Maria Helena da Rocha Pereira, a mais importante especialista portuguesa em Estudos Clássicos, morreu na segunda-feira passada, no Porto, aos 91 anos...

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