A seguir ao 25 de Abril a minha vida mudou.
Não me cansava de ouvir a Ermelinda no rádio.
E gostava?
Se gostava!..
Ninguém me calou nesse verão de 1974...
E como gostava de ver gaivotas - e continuo a gostar de ver...
Gaivotas de asas ao vento e coração de mar e toda a gente, de uma ponta à outra da Aldeia, sabia - e sabe... - que eu era livre de dizer, e em voz bem alta, cantar - se eu soubesse cantar!..
Depois veio o drama da traição, da indignação e do desgosto.
Contudo, render-me, ser a voz sufocada de um povo, o bobo do rei - isso nunca.
Afinal, continuo livre de voar e de dizer e de não voltar atrás.
Abril, Sempre.
Continuamos livres de continuar a cantar...
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