segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Deixem-me ser utópico...


E se os partidos, na Figueira, trabalhassem no sentido da maior politização de todos os cidadãos, para conseguir envolvê-los, ao ponto de contribuírem para discutir e suportar as suas causas?

Recorde-se que isso era impossível em Portugal - e na Figueira - na ditadura de Salazar/Caetano. 

Mas, isso, aconteceu desde Abril de 1974 para cá?

Todos sabemos que não. 


Para mim a explicação é simples: os chamados partidos do sistema (CDS, PSD e PS), não gostam de sociedades com cidadãos politizados. 

Depois da revolução de 1974, a táctica foi tipicamente "fechar" o círculo:  o acesso ao poder ia começar! 

Foi para isso que serviu o 25 de Novembro.


A descolagem da sociedade começou aí.

Foi aí que tiveram início os problemas que estão  a minar e a corroer os alicerces desta democracia representativa: nada tem sido transparente.

A riqueza que não existe, pois somos um país pobre e periférico, fica logo captada pela corrupção instalada em todos os sectores do Estado.

A maioria do Povo vive no limiar da miséria, mas os corruptos e oportunistas vivem na ostentação, com o dinheiro que roubam aos portugueses.

Para termos uma sociedade mais humana e mais justa, bastava mais seriedade, humildade e pés na terra! 

Ai se os portugueses estivessem politizados e pensassem!..


Se bem consigo perceber alguma coisa desta democracia, a prova de sucesso e de utilidade social e política de um partido passa pela sua capacidade de cativar personalidades e empresas para que sejam a sua forma de sustentação financeira.

Um partido será o que financeiramente consiga cativar, admitindo-se que a contribuição financeira é a melhor medida de interesse, dedicação e motivação para o envolvimento político que este consegue promover. 


Os partidos, no fundo, são empresas: ou têm sustentação ou não têm. 

Por isso, a conquista do poder é o mais importante. 

Para isso, sacrifica-se tudo. Honra, princípios, transparência, carácter, honra, verdade. No fundo, a democracia.

Vejam o que está a acontecer neste momento no nosso concelho em Quiaios.


Daqui a alguns meses, temos eleições para escolher autarcas. Quem tem andado atento, sabe que a qualidade dos autarcas figueirenses tem diminuído nos últimos anos.

Certamente que devem existir grandes teses para a mediocridade da política no nosso concelho...

A meu ver, porém, a mediocridade na política, também na Figueira, passa pela  dependência das elites dos partidos dos organismos das estruturas do Estado. Uma grande parte da degradação da democracia passa por aí. 

De passo em passo, chegámos (também na Figueira) a uma  ditadura partidária que só admite para ocupar os lugares-chaves quem entende.

Uma reforma política, que teria de ser profunda, poderia dar uma certa saúde à democracia  figueirense. Porém, isso é um utopia: os partido não permitem, pois liquidaria os actuais valores  porque se regem os partidos do arco do poder local e, até, do CDS. 

Os políticos querem é o bem do seu partido, que o mesmo é dizer, o seu próprio bem.


Também na Figueira, não  importa o que interessava ao concelho e o que é que poderia ser feito ou corrigido ao que foi feito. 

Na prática, o que interessa é ocupar os lugares deixados vagos e continuar a mesma política chã.

Não deveria ser assim, mas é o que acontece: como disse um dia Vasco Pulido Valente, "a política é uma actividade má que atrai as pessoas más. Malformadas, desonestas, corruptas."

Talvez o escrutínio público (se o houvesse...) pudesse pressionar os líderes a deixar vingar os mais competentes nos partidos. 

Mas será que os líderes estão interessados em promover a vinda de novos valores para a vida política?

Alguém consegue ver, também na Figueira, o PS e o PSD, permitir a mudança do ambiente político, expurgando-o dos que por lá andam por interesses próprios? 

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