Em declarações à agência Lusa, o capitão do Porto da Figueira da Foz, João Lourenço, manifestou-se preocupado com a situação de inoperacionalidade da embarcação salva-vidas, revelando que a Patrão Macatrão saiu de serviço em dezembro de 2019, depois de ter partido uma hélice por ter embatido, durante a noite, "presumivelmente", contra os restos de um tronco de árvore arrastado pelas cheias do Mondego.
"O processo de reparação está a demorar mais do que eu gostava e não sei quando estará concluído. É uma embarcação que tem vários anos de serviço [está no ativo desde 1997] e foi decidido juntar a reparação a uma revisão geral e renovação", explicou João Lourenço.
O capitão do porto adiantou que a situação o "preocupa bastante, não tanto neste período de verão, mas sobretudo no inverno, em que a Patrão Macatrão tem mais vantagens, nomeadamente se for um salvamento a longa distância, porque pode operar até às 50 milhas" da costa, cerca de 90 km.
O salva-vidas tem 13,5 metros de comprimento, cabine rígida e uma "reserva de flutuabilidade" que lhe permite enfrentar condições extremas de mar, mantendo a posição 'sempre em pé'.
"Mas estaria mais preocupado se fosse a lancha semirrígida, [outra embarcação que a estação salva-vidas da Figueira da Foz do ISN possui, mais vocacionada para operações costeiras], que é muito mais rápida e pode operar na rebentação, com algumas condicionantes. Mas para isso também temos as motos de água", observou.
Sobre os procedimentos de reparação, o comandante do porto explicou que há cerca de dois meses, em junho, estiveram na Figueira da Foz técnicos do ISN e Direção-Geral de Faróis para definirem a "lista de trabalhos" a incluir na intervenção, e, mais recentemente, também um responsável do departamento marítimo do Norte.
João Lourenço disse ainda desconhecer qual a verba necessária à reparação da Patrão Macatrão: "Uma só hélice é caríssima e depois há toda a lista de trabalhos e de equipamentos novos", argumentou o capitão do porto.
Admitiu, no entanto, que o custo poderá ser superior a uma dezena de milhar de euros, montante que "ultrapassa" a disponibilidade financeira do departamento marítimo do Norte e que deverá ser "centralizado" na Autoridade Marítima Nacional.
O salva-vidas, habitualmente fundeado na marina, na zona ribeirinha da Figueira da Foz, está há vários meses a seco, nas instalações de um empresa de reparação de iates, na margem esquerda do Mondego, constatou a Lusa no local.
O alerta para a situação do salva-vidas Patrão Macatrão partiu hoje do PSD da Figueira da Foz, que se manifestou preocupado com a possibilidade deste município do litoral do distrito de Coimbra - que para além do porto comercial, possui porto de pesca e atividade de náutica de recreio - estar sem aquele equipamento nos próximos meses.
"A Figueira da Foz arrisca-se a passar o outono e o inverno sem a lancha salva-vidas. Mas uma situação de emergência pode acontecer a qualquer altura, até pode acontecer agora, o mar é imprevisível", disse à agência Lusa o líder concelhio do PSD, Ricardo Silva.
O presidente da concelhia social-democrata lembrou, por outro lado, o histórico de acidentes, alguns mortais, ocorridos nos últimos anos na zona da barra do porto, como o naufrágio do arrastão Olivia Ribau, em outubro de 2015, que provocou cinco mortos.
"Na altura, o Patrão Macatrão também estava avariado e não pôde ser utilizado", recordou Ricardo Silva.»
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