quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Silvina Queiroz, via Diário as Beiras

«Socorri-me do Priberam, dicionário de L.P. na sua segunda opção para o adjectivo “moderno”: “Que tem ou contém progressos da ciência e da tecnologia”! A nossa cidade e o nosso concelho podem inscrever-se nesta explicitação? Acho mesmo que não, absolutamente não! Somos detentores de belezas incríveis, um património natural invejável. O construído tem peças lindas e muitas infelizmente já desaparecidas, na senda da descaracterização a que temos assistido e que já referi por aqui. As populações são afáveis e acolhedoras, dando assim “uma mãozinha” valiosa à legítima ambição turística da nossa terra linda … mas moderna a Figueira da Foz não é! Como pode ser moderna, evoluída, “acompanhando os gostos, ideias ou gostos do tempo actual”, ( de novo o Priberam)? Certamente não. Como pode ser moderno um concelho e uma cidade que não têm uma eficiente rede de transportes, rodoviários e ferroviários? Como, se alguém que chegue antes da noite de comboio vindo de Coimbra, já não tem um autocarro que o leve a casa? Isto para não falar das necessidades ao longo do dia, dentro dos perímetros urbano e periurbano, sem uma resposta capaz, aliás sem resposta praticamente alguma. Uma cidade que perdeu a sua ligação a Lisboa, por via da desvalorização macabra da Linha do Oeste e do desaparecimento do serviço Intercidades e que viu largamente dificultada a sua ligação a Aveiro e ao Porto. E Coimbra, sem a tão almejada e necessária duplicação da via que tarda em acontecer, apesar das promessas do Governo da Nação em apostar forte na ferrovia? E Salamanca? Já foi, ficou muito, muito distante com o “assassinato” a frio da Linha da Pampilhosa! E as populações que esta linha servia e que ficaram “orfãs”? Para a modernidade contribuiriam decerto uma oferta de emprego mais de acordo com a dimensão do parque industrial do concelho e os seus 63 000 habitantes. Contribuiria para esse desiderato uma revitalização do comércio local, especialmente na zona antiga da cidade. Preservava-se a proximidade e a tradição que nunca foram adversárias do progresso e da desejada modernidade. Esperemos!»

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