terça-feira, 25 de agosto de 2020
Teotónio Cavaco, via Diário as Beiras
«Embora conceptualmente moderno
seja o que é contemporâneo, do nosso
tempo (o que está entre
o antigo e o que há-de
vir), na linguagem que
usamos e na forma
como pensamos no
dia-a-dia tem a ver
com a utilização e a fruição de ferramentas de vida novas e tecnológicas,
geralmente muito apetecíveis porque
anunciadas como potenciadoras da
“qualidade de vida”.
Selecionei quatro itens (tecnologia,
arquitetura, planeamento da cidade e
atenção às questões sociais/desigualdades), numa perspetiva não técnica,
mas o mais agregadora possível das
duas abordagens sucintamente apresentadas acima, que justificam por que
não considero a Figueira uma cidade
moderna.
Não é possível hoje conceber o quotidiano sem um bom acesso à internet,
e este é geralmente mau (no resto do
concelho é péssimo), havendo meia
dúzia de pontos Wi-Fi gratuitos; quanto
a postos de carregamento de carros
elétricos, há apenas dois – quão longe
estamos de ser “cidade inteligente”,
na qual se utiliza as TIC na sua gestão
(transportes públicos, controle de tráfego, segurança, …).
E se tivéssemos de escolher um edifício, uma urbanização, algo que tenha
sido edificado na Figueira nos últimos
40 anos e que mostremos com
satisfação a um amigo que nos visite?
(Pedro Daniel Santos, a tua “bolha” é
a honrosa exceção) – quão longe estamos de ser “cidade criativa”, na qual
se incentiva as atividades artísticas, a
ciência, as universidades, o software,
o design, a moda, a arquitetura, ...
Os dois recentes documentos
estratégicos para o concelho foram
uma oportunidade perdida: o Plano de
Desenvolvimento, porque não definiu
à partida um desígnio específico, logo
é falho de estratégias concretas, de
recursos alocados e de metas e prazos
a cumprir; e a revisão do PDM, porque
não foi estruturador nem conseguiu
a fixação de população nas freguesias rurais do concelho – quão longe
estamos de ser “cidade sustentável”,
na qual se resolvem os problemas
associados aos resíduos sólidos, à
energia, ao saneamento, à mobilidade,
ao emprego, …
Finalmente: o que de facto se está a
fazer para combater o desemprego e
consequentes consequências devastadoras? – quão longe estamos de ser
“cidade humana”.»
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