Natural, mesmo natural, é a morte.
De Américo Amorim, o homem mais rico de Portugal, ou de qualquer um de nós.
E assim deve ser entendida.
A morte não é de todo um drama.
Devemos ter consciência que somos seres finitos.
Encarar "A GRANDE NIVELADORA", com naturalidade, é o mais natural.
"A morte bateu à porta de Américo Amorim, o homem MAIS RICO de Portugal.
Neste preciso momento, exceptuando o luxo das exéquias fúnebres, Amorim encontra-se na mesmíssima situação do “Zé Ninguém” que também morreu hoje… e era o mais pobre.
Foram despidos de sentido, todos os anos em que explorou tantos milhares de trabalhadores… o que não apaga o continuado crime que constituiu essa exploração.
O desgosto da família e dos amigos chegados de Amorim é tão genuíno como o sentido na casa daquele “Zé Ninguém”.
Resta o respeito por uns e outros"...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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