No contexto do que, habitualmente, se chama democracia, o princípio da representação política é simples.
O voto, é o modo pelo qual o representado constitui o seu representante, alguém que está numa lista (embora já existam algumas excepções...) de uma organização chamada partido político.
Por via do voto, o representante representa o representado. O representado é representado pelo representante.
Até aqui tudo bem. O problema é que na distribuição de mandatos o contingente dos abstencionistas, o conjunto daqueles que por qualquer motivo não endossaram uma procuração política a um representante, não é tido em conta.
A meu ver, está mal.
A abstenção devia ser considerada como qualquer outro concorrente e entrar no cálculo dos quocientes a partir dos quais, segundo a regra d'Hondt, é feito o rateio dos mandatos submetidos a sufrágio.
Acaso tal fosse feito conseguir-se-iam dois objectivos.
Por um lado, evitava-se que os senhores políticos se presumissem representantes de quem não lhes outorgou qualquer representação.
Por outro lado, se não fossem atribuídos os mandatos da abstenção, seria diminuído o número de políticos, o que permitiria depurar a fauna.
Se não pela qualidade, pelo menos pela quantidade.
Já me estou a ver, no dia 1 de outubro próximo: olho para os cartazes e fico a pensar.
Pode o voto ser útil em inúteis fingidos úteis?
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