Meu Sant'antoninho, não nos deixes ficar mal e livrai-nos dos gajos por bem. Santa Catarina do Bloco, negociai por nós, ponde os olhos em S. Jerónimo que fez das tripas coração e dai-lhe a mão.
(Rezar 3 vezes com um copo de esperança no futuro)
António Costa Santos
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
5 comentários:
A direita estava descansada com o ovo no cu da galinha, Cavaco excluía o BE e o PCP, Passos Coelho fazia vergar António Costa pressionado pela ala direita do PS, a direita formaria governo, o PS entraria em crise e Costa seria levado à demissão, Marcelo passeava até às presidência, ganhas as presidenciais Passos demitir-se-ia com o argumento de não o deixarem fazer as reformas necessárias, realizar-se-iam eleições legislativas antecipadas e a direita ganharia com maioria absoluta, repetia-se a história, desta vez sem personagens como Oliveira e Costa ou Dias Loureiro, mas com o Marco António e o Miguel Relvas.
A estratégia era perfeita e Cavaco decidiu jogar tentando marcar dois golos, um pelo seu governo e outro por forçar Costa à submissão, depois de ter receado ter de dar posse a um governo que ajudou a derrubar, era o prémio de consolação para o pior presidente da história da República, não considerado pelo povo conseguiria, pelo menos, a gratidão da direita. A estratégia não tinha como falhar, o PCP e o BE odeiam e desejam destruir o BE, uma solução governativa que correspondesse a uma maioria dos paRtidos de esquerda no parlamento era impensável, a minoria maioritária da direita iria governar.
Mas Jerónimo de Sousa percebeu que a estratégia de Passos e Cavaco e entre apoiar um governo do PS ou viabilizar um governo maioritário da direita não lhe restava alternativa. Cavaco pensava que Jerónimo de Sousa lhe fazia o favor e enganou-se, ignorou a Constituição e desprezou os líderes dos outros partidos, incluindo Paulo Portas, e tramou-se, Passos ficou sem condições para apresentar uma solução alternativa. Agora Cavaco está confrontado com o risco de ter uma solução governativa diferente daquela que encomendou, resta-lhe lembrar-se de que Portugal tem uma Constituição e apressar-se a indigitar Passos Coelho para primeiro-ministro. Cavaco pensou que ia tosquiar António Costa e vai acabar por ser ele o tosquiado.
Agora anda toda uma direita a clamar que ganhou as eleições, como se fossem gaiatos a berrar que a bola é deles e dizendo que António Costa está violando as regas do jogo. Só que não foi António Costa que decidiu jogar aos consensos, foi Cavaco que viu mais uma oportunidade de forçar o PS a “obedecer” a Passos Coelho chamando a isto consenso. Teve azar, jogou mal e agora corre um sério risco de conduzir o país a uma grave crise política. É o preço que o país poderá pagar por ter eleito alguém sem condições para exercer o cargo de Presidente da República.
Texto retirado do facebook de João Joaquim Pelicano
O coiso falta ao 5 de Outubro para reflectir, queima o único neurónio que lhe resta a pensar em todos os possíveis cenários mas com esta é que não contava.
A mão direita é igual à mão esquerda mas tentem lá calçar uma luva trocada a ver se entra...
Eles andam todos borradinhos de medo, mas a pressão é imensa o que levará o Passos a dar tudo ao Costa .... mais uma vez, o capital e a grande chantagem nos irão tramar. Mas a luta continua!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Caro pelicano não se preocupe não tarda o costa e o passos estão a entender-se a sede de estar no poder é muito grande.
Abraço
"Coligação envia mais de 20 propostas ao PS e ainda acredita num acordo
Passos e Portas voltam a receber Costa com uma proposta que procura satisfazer as exigências socialistas na noite eleitoral." Público on line
"O presidente do Conselho Económico e Social, Luís Filipe Pereira, considera que um entendimento tripartido é necessário para garantir uma "solução governativa estável" em Portugal." - TSF on line
"Este homem não é de confiança", diz José Manuel Fernandes de António Costa. - Observador on line
Extracto de um texto que aqui escrevi faz dias:
"A verdade é que o próximo governo de Portugal tem de romper com o rumo dos últimos quatro anos se quiser impedir que o país tombe na completa indigência. O governo e o Parlamento têm de aprender a viver no mundo real, em vez de fugir para o reino da fantasia. A vocação dos socialistas não é servir de muleta à Direita nem de bode expiatório à Esquerda. O PS está no centro dos debates e da construção de soluções, sem interlocutores privilegiados, porque o Parlamento é, por definição constitucional, "a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses"
E será que não há um mínimo de denominadores comuns entre a esquerda? Claro que sim. E essencial são os valores de ABRIL – justiça social, reforço da escola pública, do SNS e do sistema de pensões, para já não falar da reposição imediata dos feriados do 5 de outubro e do 1º de dezembro, bem como no reforço dos direitos dos trabalhadores, da contratação colectiva, no aumento do salário mínimo…
“Sejamos realistas, peçamos o impossível”, não era esse um slogan de Maio 68? A tese de que o PS se tramou porque virou à esquerda carece de comprovação factual. Alinhar pela retórica sem estratégia, apenas porque sim, esquecendo a realidade sociológica e política do Portugal democrático, seria um erro clamoroso, ditado por uma teimosia sem visão, só capaz de reforçar a vitória da direita, oferecendo-lhe “de bandeja” mais uma década de poder, e em circunstâncias de fácil destruição do Estado e direitos sociais. Mas, para aqueles que “à esquerda” vaticinaram o fim das ideologias, que “isso de esquerda e direita já era”, que agora a retórica florida bastaria para convocar as massas e inebriar os movimentos sociais, atenção... muita atenção... a realidade... chegou. E por tudo isto gostava que o PS não confundisse “a estrada da Beira, com a beira da estrada”.
A concluir: quais as minhas expectativas? Reduzidas. Pois eu sei, tu sabes, ele sabe, que quem manda são as multinacionais (nas suas múltiplas formas). O estado deixou de ser a encarnação da soberania do povo para se tornar uma central de interesses onde os princípios democráticos são apenas pretexto.
Mas dá um certo gozo, mesmo (podendo ser) passageiro!"
Conclusão: O que está aqui em causa é, sem margens para dúvidas, a própria democracia.
Porque isto de o povo se capacitar de que vote em quem votar, a política será sempre ditada antidemocraticamente por forças externas, reduz-nos a coisa nenhuma.
Enviar um comentário