Os pescadores estão com medo da barra da Figueira.
"Tememos pela vida. O medo de que possamos naufragar está sempre na nossa mente", disse ao Correio da Manhã José Santos, pescador da Figueira da Foz.
"Sentimo-nos abandonados e com medo de não sermos socorridos", afirmou ao mesmo jornal o pescador José Carriço, para quem os serviços do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) devem estar abertos "24 horas por dia" e com duas equipas em permanência.
É precisamente o encerramento deste serviço, às 18h00, que deixa revoltados os pescadores tendo em conta que é a partir daquela hora e até à meia-noite que se regista um grande movimento de entradas e saídas de barcos.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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