O mundo que temos é este em que vivemos. Portanto: «não importa para onde tentamos fugir, as injustiças existem em todo o lado, o melhor é encarar essa realidade de frente e tentar mudar alguma coisa.» Por pouco que seja, sempre há-de contribuir para aliviar...
sábado, 10 de outubro de 2015
X&Q1258
2 comentários:
A Arte de Furtar
disse...
Bem haja Coligação Negativa do Parlamento!
De Angola chegam relatos que Luaty Beirão, detido desde junho, se encontra em estado crítico. O artista conhecido como Ikonoklasta, que tem dupla nacionalidade, está há 18 dias em greve de fome. Protesta contra o facto de ter sido preso com outros 14 jovens por se reunirem pacificamente para discutirem a democracia em Angola.
“Não vires o bico ao prego Porque o pregar tem dois bicos: Se virares, com teu apego, O bico, coração cego, Pagarás depois os micos.”
As razões da derrota de António Costa são múltiplas, mas há uma a que dou especial relevância: Costa não conseguiu estruturar um discurso que passasse uma mensagem clara aos cidadãos e que fosse alternativo ao simplismo da coligação. Costa não conseguiu transmitir aquilo de que mais se orgulhava e tentou vender nos cartazes: confiança.
Mas o assunto agora não é o balanço do que foi, é a expectativa do que será. E neste contexto, há muitos anos que penso e defendo o que vou escrever a seguir.
Este momento político pode ser breve e inconclusivo mas terá que dar resposta a uma pergunta que muitos fazemos há tanto tempo: a direita tem o monopólio de acordos, coligações, entendimentos….?
Não sei como será o amanhã, mas estou a gozar o momento, a gozar o cagaço da direita (basta ver o título do Público de hoje (sábado 10 Out) – como se fosse obrigação de Costa apresentar propostas de entendimento a Passos/Portas) e dos comentadores “bem pensantes” completamente baralhados.
O dito presidente de uma República já tinha “tudo” pensado, mas por esta não esperava. E dentro do PS as declarações dos “Lellos” que anseiam por um regresso às “abstenções violentas” e apoiam uma candidatura presidencial favorável à direita, deixam um vazio que alimenta a tese da sua própria impossibilidade como alternativa.
A verdade é que o próximo governo de Portugal tem de romper com o rumo dos últimos quatro anos se quiser impedir que o país tombe na completa indigência. O governo e o Parlamento têm de aprender a viver no mundo real, em vez de fugir para o reino da fantasia. A vocação dos socialistas não é servir de muleta à Direita nem de bode expiatório à Esquerda. O PS está no centro dos debates e da construção de soluções, sem interlocutores privilegiados, porque o Parlamento é, por definição constitucional, "a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses"
E será que não há um mínimo de denominadores comuns entre a esquerda? Claro que sim. E essencial são os valores de ABRIL – justiça social, reforço da escola pública, do SNS e do sistema de pensões, para já não falar da reposição imediata dos feriados do 5 de outubro e do 1º de dezembro, bem como no reforço dos direitos dos trabalhadores, da contratação colectiva, no aumento do salário mínimo…
“Sejamos realistas, peçamos o impossível”, não era esse um slogan de Maio 68? A tese de que o PS se tramou porque virou à esquerda carece de comprovação factual. Alinhar pela retórica sem estratégia, apenas porque sim, esquecendo a realidade sociológica e política do Portugal democrático, seria um erro clamoroso, ditado por uma teimosia sem visão, só capaz de reforçar a vitória da direita, oferecendo-lhe “de bandeja” mais uma década de poder, e em circunstâncias de fácil destruição do Estado e direitos sociais. Mas, para aqueles que “à esquerda” vaticinaram o fim das ideologias, que “isso de esquerda e direita já era”, que agora a retórica florida bastaria para convocar as massas e inebriar os movimentos sociais, atenção... muita atenção... a realidade... chegou. E por tudo isto gostava que o PS não confundisse “a estrada da Beira, com a beira da estrada”.
A concluir: quais as minhas expectativas? Reduzidas. Pois eu sei, tu sabes, ele sabe, que quem manda são as multinacionais (nas suas múltiplas formas). O estado deixou de ser a encarnação da soberania do povo para se tornar uma central de interesses onde os princípios democráticos são apenas pretexto.
Mas dá um certo gozo, mesmo (podendo ser) passageiro!
2 comentários:
Bem haja Coligação Negativa do Parlamento!
De Angola chegam relatos que Luaty Beirão, detido desde junho, se encontra em estado crítico. O artista conhecido como Ikonoklasta, que tem dupla nacionalidade, está há 18 dias em greve de fome. Protesta contra o facto de ter sido preso com outros 14 jovens por se reunirem pacificamente para discutirem a democracia em Angola.
“Somos todos Charlie”? Uma PORRA !
VOLTINHAS POPULARES
“Não vires o bico ao prego
Porque o pregar tem dois bicos:
Se virares, com teu apego,
O bico, coração cego,
Pagarás depois os micos.”
As razões da derrota de António Costa são múltiplas, mas há uma a que dou especial relevância: Costa não conseguiu estruturar um discurso que passasse uma mensagem clara aos cidadãos e que fosse alternativo ao simplismo da coligação. Costa não conseguiu transmitir aquilo de que mais se orgulhava e tentou vender nos cartazes: confiança.
Mas o assunto agora não é o balanço do que foi, é a expectativa do que será.
E neste contexto, há muitos anos que penso e defendo o que vou escrever a seguir.
Este momento político pode ser breve e inconclusivo mas terá que dar resposta a uma pergunta que muitos fazemos há tanto tempo: a direita tem o monopólio de acordos, coligações, entendimentos….?
Não sei como será o amanhã, mas estou a gozar o momento, a gozar o cagaço da direita (basta ver o título do Público de hoje (sábado 10 Out) – como se fosse obrigação de Costa apresentar propostas de entendimento a Passos/Portas) e dos comentadores “bem pensantes” completamente baralhados.
O dito presidente de uma República já tinha “tudo” pensado, mas por esta não esperava.
E dentro do PS as declarações dos “Lellos” que anseiam por um regresso às “abstenções violentas” e apoiam uma candidatura presidencial favorável à direita, deixam um vazio que alimenta a tese da sua própria impossibilidade como alternativa.
A verdade é que o próximo governo de Portugal tem de romper com o rumo dos últimos quatro anos se quiser impedir que o país tombe na completa indigência. O governo e o Parlamento têm de aprender a viver no mundo real, em vez de fugir para o reino da fantasia. A vocação dos socialistas não é servir de muleta à Direita nem de bode expiatório à Esquerda. O PS está no centro dos debates e da construção de soluções, sem interlocutores privilegiados, porque o Parlamento é, por definição constitucional, "a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses"
E será que não há um mínimo de denominadores comuns entre a esquerda? Claro que sim. E essencial são os valores de ABRIL – justiça social, reforço da escola pública, do SNS e do sistema de pensões, para já não falar da reposição imediata dos feriados do 5 de outubro e do 1º de dezembro, bem como no reforço dos direitos dos trabalhadores, da contratação colectiva, no aumento do salário mínimo…
“Sejamos realistas, peçamos o impossível”, não era esse um slogan de Maio 68? A tese de que o PS se tramou porque virou à esquerda carece de comprovação factual. Alinhar pela retórica sem estratégia, apenas porque sim, esquecendo a realidade sociológica e política do Portugal democrático, seria um erro clamoroso, ditado por uma teimosia sem visão, só capaz de reforçar a vitória da direita, oferecendo-lhe “de bandeja” mais uma década de poder, e em circunstâncias de fácil destruição do Estado e direitos sociais. Mas, para aqueles que “à esquerda” vaticinaram o fim das ideologias, que “isso de esquerda e direita já era”, que agora a retórica florida bastaria para convocar as massas e inebriar os movimentos sociais, atenção... muita atenção... a realidade... chegou. E por tudo isto gostava que o PS não confundisse “a estrada da Beira, com a beira da estrada”.
A concluir: quais as minhas expectativas? Reduzidas. Pois eu sei, tu sabes, ele sabe, que quem manda são as multinacionais (nas suas múltiplas formas). O estado deixou de ser a encarnação da soberania do povo para se tornar uma central de interesses onde os princípios democráticos são apenas pretexto.
Mas dá um certo gozo, mesmo (podendo ser) passageiro!
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