sexta-feira, 3 de julho de 2015

Relvas, o estratega dos desígnios governamentais, foi aplaudido num salão de um hotel de cinco estrelas ocupado por cerca de 300 convidados!..

"Tudo bem, tudo em ordem?”, pergunta Pedro Passos Coelho, selando num abraço o encontro com Miguel Relvas. O primeiro-ministro foi o último a chegar à apresentação do livro O outro lado da governação, de Relvas e Paulo Júlio, antigo secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa. Ambos já saíram do Governo há muito tempo. O ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares por ter confessado falta de ânimo no turbilhão dos créditos da sua licenciatura na Universidade Lusófona. O seu antigo secretário de Estado demitiu-se quando foi acusado, enquanto presidente da Câmara de Penela, de um crime de "prevaricação de titular de cargo político". Ambos falaram da reforma da administração local. Entre amigos.

Pelos vistos, Miguel Relvas está de volta...
Com a aproximação das eleições, e com o terreno bem preparado pelo efeito grego (que jeito dão os gregos, servem a esta gente para tudo: até para que ninguém fale dos escândalos das privatizações que o Tribunal de Contas denunciou no início da semana...) o espaço do governo tornou-se num espaço de alta fertilidade. De repente, o governo passou da Idade Média para o Renascimento. Mas sem nunca largar o obscurantismo!
Os livros - lembram-se - servem para isto. Até Relvas – “vai estudar malandro” – ressuscita num livro.

Atentem na ironia: foi à volta de um livro que se reuniram as várias testemunhas da ressurreição de Relvas.
“É um convite de um amigo e é muito difícil dizer não a um amigo”, justificou José Manuel Durão Barroso a sua condição de apresentador da obra. “A minha presença é um acto pessoal, muito pessoal, entendo que devo estar aqui e estou”, disse, ao PÚBLICO, a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz. Também o ministro Luís Marques Guedes, que de alguma forma herdou funções de Relvas no organigrama governamental, esteve presente. Como o secretário de Estado Sérgio Monteiro, um conviva tardio que ficou em pé, junto à porta, de um salão de um hotel de cinco estrelas ocupado por cerca de 300 convidados. Ou os secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, do Desporto, Emídio Guerreiro, e da Cooperação, Luís Campos Ferreira. Feitas as contas possíveis, foram estes os membros do executivo que estiveram presentes.
Entre os deputados da maioria, presença maciça e diversificada da bancada do PSD. “É um livro, é um testemunho, estou aqui como amigo, também fui ouvido para a realização do livro”, disse, ao PÚBLICO, Luís Montenegro. Convidado a um flashback da situação do executivo quando Miguel Relvas deixou de ser ministro, o líder da bancada laranja admitiu que foram tempos de dificuldade. “A primeira parte da legislatura foi muito intensa, penso que o livro não deixa de reflectir isso”, disse.
Relvas, o estratega dos desígnios governamentais, ressuscitou e está de volta. Continua vivo e a andar por aí!..

1 comentário:

A Arte de Furtar disse...

Tudo gente fina!
Durão deu o toque cosmopolita e europeu ao acto.
O autor do livro é um "elogio ao pensamento moderno, livre e pós qualquer coisa".
Brevemente num casino perto de si...