"Cresce, no país, o número de pessoas que não fazem a mínima ideia do que é viver em ditadura e que fantasiam sobre salvadores da pátria. Alimentam-se talvez da esperança de que, bem pastoreado, Portugal enfim progredirá. E acreditam que a indignação teatral de alguns tribunos, que hoje berram o que querem ouvir, se transformará, caso o poder lhes caia nas mãos, nas políticas reformistas que vão pôr Portugal nos eixos. Nada lhes prova que farão melhor do que os partidos instalados, se um dia se instalarem. O que sabem, mas pouco lhes importa, é que com esses na liderança a democracia corre perigo. Como sem democracia não há escrutínio, se um dia resvalarmos para uma autocracia, a corrupção e o nepotismo continuarão a minar, só que silenciosamente, pois não há notícia de um país - um só - que tenha melhorado tais indicadores sob este tipo de regime. E como sem democracia não há liberdade de expressão, a paz social descerá sobre nós, como um gás anestesiante. Será por esta paz podre que os desiludidos da democracia suspiram?"
Via Delito de Opinião
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