sexta-feira, 19 de maio de 2023

Existir, neste contexto, já é um milagre... (2)


Fonte Marktest
"Em abril de 2023, o Primeiro-ministro António Costa liderou o top de exposição mediática, ao protagonizar 154 notícias com 7 horas e 38 minutos de duração durante o mês. André Ventura, líder do Chega, registou a segunda posição, com 159 notícias de 6 horas e 57 minutos de duração. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi terceiro, protagonizando 120 notícias, com 5 horas e 45 minutos de duração. Luís Montenegro, presidente do PSD, foi quarto, protagonizando 98 notícias, com 4 horas e 9 minutos de duração."

Resumindo:

"... o Chega não é um fenómeno político. O Chega é um fenómeno televisivo e, por conseguinte, é um fenómeno de audiências. E não, nem todos são pequeno-burgueses como eu e, como tal, a maioria do país ainda passa muitas horas em frente à televisão, o que faz com que este encantador de antas chegue a casa de muita gente. Portanto, o Chega cresce porque lhe dão palco de forma desmesurada face à sua real importância. Nasceu na televisão, mora na televisão e há-de continuar a ser alimentado pela televisão. É a consequência da mercantilização do jornalismo.

E não é aqui dito que um partido com representação parlamentar (e a sua fundação e existência é outra estória) não deva ter audiências. Mas numa altura em que anda tudo a falar do “crescimento do populismo” e do “combate contra a extrema-direita”, convinha, se calhar, por começar a não ser um veículo para as mensagens da extrema-direita que tanto dizemos querer combater. O aldrabão-mor conseguiu ter apenas cerca de 40 minutos a menos de exposição do que, imagine-se, o primeiro-ministro. Acima do presidente da República. E, pasme-se, o PCP é o único partido que nem sequer aparece no top 10. Se calhar, neste ponto, aqueles que tentam equiparar o Chega ao PCP (e até ao Bloco, que consegue um 8.o lugar), deviam começar por tentar dar mais audiências a BE e a PCP… pelo menos para tentarmos aferir se essa equivalência é, como é, estúpida.

Continuem, portanto, a alimentar o monstro. E ele continuará a crescer."

João L. Maio, via Aventar

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