"Vamos explicar outra vez: não há água. E outra vez ainda: não há água. Portugal está sob ameaça iminente de ter de começar a racionar a água, já não só para a agricultura, mas para o próprio consumo humano. O mais de um milhão de turistas que todos os Verões triplicam a população residente do Algarve vão correr o risco, este ano, de, após servidos os 60 campos de golfe, os laranjais e olivais intensivos, as estufas de frutos vermelhos para os pequenos-almoços dos alemães e as cada vez maiores plantações de abacate (esse fruto exótico que precisa muito de humidade e que a Europa não dispensa), abrirem as torneiras e não verem água a correr. Talvez aí, finalmente, percebam do que estamos a falar. Entretanto não se preocupem, essa iluminada que ocupa o cargo de ministra da Agricultura já terá visto atingido o ponto de seca necessário para activar os mecanismos europeus que, não lhe inventando água, lhe darão dinheiro com o qual ela julga, pobre criatura, resolver, como de costume, os problemas estruturais da agricultura portuguesa. É isto que António Costa não entende, é isto de que Marcelo não se ocupa."
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