quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Pedro Cruz: “Detesto o politicamente correto, não tenho feitio para isso e falo dos assuntos sem pinças”.

Há pessoas que gostam de uma certa exposição... 
Outras, como é o caso do Pedro Agostinho Cruz, nem por isso. 
Quem o conhece bem sabe que  prefere observar. 
Não por simples curiosidade, mas para tentar perceber como as pessoas agem, sem as tentar julgar. 
Observar... Apenas! Com discrição e reserva.
Deu uma interessante entrevista ao Figueira na Hora (eu sei que sou suspeito...) que pode ser lida clicando aqui.

Com a devida vénia respigo a pergunta final de Jorge Lemos: "que diferença existe do Pedro de há 10 anos e o Pedro de hoje?"
A resposta foi esta.
"Bem, aos 19 anos já andava com uma máquina fotográfica na mão. Já conhecia e lidava com o stress diário dos jornais e redacções.
Eu sei que é parvo, mas passados 10 anos continuo a achar que posso mudar o mundo com as minhas fotografias.
Continuo a fazer o que gosto, como gosto e tenho a sorte de algumas pessoas gostarem.
Continuo a acreditar que posso fazer coisas boas a partir da minha cidade. Hoje, vejo que há gente que caminha também nessa estrada e isso deixa-me satisfeito.
Para concluir, continuo a dormir descansado e isso nos dias de hoje é um privilégio."

Depois de ler a entrevista do Pedro Agostinho Cruz, um jovem de 29 anos de idade, interroguei-me...
Que tipo de vida levamos?
Quem nos leva a levar este tipo de vida? 
A quem aproveita?
Passamos a vida a trabalhar: trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos para que possamos ultrapassar as necessidades que nos criam. 
Aqueles óculos fantásticos; aquele relógio magnífico que dá horas certas como outro qualquer; aquela T-Shirt capaz de nos fazer sentirmo-nos nós; o popó dos nossos sonhos que nos leva rapidamente ao engarrafamento; aquela casa que será nossa ao fim de 30 anos e que nessa altura não valerá um centavo, tendo pago por ela, em suaves prestações, mais do dobro do seu preço; aquele telemóvel, descartável dentro de 6 meses, que até fala para as estrelas; aquelas férias paradisíacas que acabam em tormento, mas que sempre se podem contar aos amigos; aqueles sapatos com um design atraente que não duram mais que uma estação; um PC com múltiplas funções, continuando a usar as que já dominávamos; e a net sem fios, em que se pode navegar até no café...

Tudo isto, nos dias de hoje, é o que nos distingue uns dos outros.
E, nós, não só os jovens, vaidosos, desfrutamos de todas estas vantagens, que não são mais que necessidades artificiais criadas, para que uma vez consumidas, não possamos abdicar delas. 
O sistema funciona na perfeição. 
O dinheiro não chega? Qual o problema? Recorre-se à banca, que são uns estabelecimentos muito simples, que vendem dinheiro, com garantias reais como é de bom tom, e nos ajudam a colmatar o deficit para que o status se mantenha. 
Corre tudo sobre rodas porque somos números que se podem introduzir num sistema informático, com os devidos alertas, quando a luz vermelha se acende.

E viver? Alguém pensa em viver? E sentimentos? Que valor têm eles na nossa sociedade avançada?
Foi essa a diferença de visão que mais me chamou a atenção nesta entrevista do Pedro Agostinho Cruz.
"Não tenho medo de estar exposto, ser criticado, ou seja lá o que for. A minha forma de estar é assim.
Detesto o politicamente correto, não tenho feitio para isso e falo dos assuntos sem pinças.
Eu sei que tenho uma relação muito especial com os fotógrafos da cidade, mas ainda não percebi porquê, confesso.
Faz-me confusão a passividade e a falta do olhar deles sobre temas que exigem de nós, que nos fazem crescer a todos os níveis. Temos de assumir posições, responsabilidades, etc.
Claro que é mais fácil e cómodo alimentar a nossa quintinha da comunidade virtual com fotografias bonitas que possam ser traduzidas em likes ou seguidores. Opções!.."

É isso mesmo: opções.
É preciso saber o que queremos para nós e para os outros. As opções são cada vez mais claras e necessárias! Não nos podemos refugiar na impotência...

1 comentário:

Anónimo disse...

Este sim é foto jornalista tudo o mais são tiradores de retratos e jornaleiros ao serviço de quem der mais.