Ontem, desloquei-me a Montemor-o-Velho.
Enquanto estava nos semáforos que regulam o trânsito na ponte militar que liga a 111 à A14, tive oportunidade de recuar no tempo.
Visitei memórias que continuarão a ser memórias.
Recuei até ao tempo da ciclovia Figueira/Coimbra e do Metro Mondego, cujo projecto inicial contemplava a ligação Coimbra/Figueira...
Fiquei por aí e atravessei a ponte que vai ser um bico de obra para a fluidez do trânsito no futuro próximo...
Que pena que eu tenho, que não haja uma qualquer possibilidade de se recuar ao tempo em que os carros de bois chiavam nos caminhos das aldeias sob o peso das cargas que transportavam, ou ao tempo em que o Mondego era navegável até Coimbra e mais além...
Não há nostalgia que nos valha.
Foram tempos que passaram em definitivo.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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