Ao olhar para esta primeira página, lembrei-me do Portugal Amordaçado do Dr. Mário Soares, livro que li pela primeira vez há mais de 40 anos!..
A liberdade de expressão, continua cercada por muros altos e intransponíveis!
Este é o Portugal de hoje.
Em que a liberdade formal de se poder gritar que se tem fome, não traz, efectivamente, comida à mesa de quem dela necessita...
Em que a liberdade formal de se poder escrever que não existem condições de protecção para quem tem de arriscar a vida, todos os dias, para continuar a viver, não consegue evitar mais mortes no mar alto e à entrada das barras...
Há dias assim...
Estou como, imagino, se deve sentir a árvore quando a estão a cortar e dá conta, com tristeza, que o cabo do machado é de madeira...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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