A Constituição Portuguesa faz hoje anos: 40.
Não sendo a Constituição Portuguesa de 1976 - hoje aniversariante - uma Constituição com muito tempo de vida, podemos dizer que tem sido uma Constituição normativa, no sentido de que tem sido substancialmente cumprida.
O actual Presidente da República, Marcelo, que foi à data um dos deputados constituintes – tinha então 27 ano e integrava a bancada do Partido Popular Democrático (PPD) –, admite que devem ser criados, no sistema educativo, "espaços de diálogo e de debate acerca das instituições, incluindo a própria Constituição".
Recorde-se, que a Constituição de 1976, não nasceu à margem de um processo revolucionário. Pelo contrário, "foi o facto de ter havido o 25 de Abril, que rapidamente se converteu numa revolução, e ter havido aquela tensão e aquele debate e confronto de projectos doutrinários e ideológicos muito diversos, que acabou por marcar quer a eleição para a Assembleia Constituinte quer os seus trabalhos", recorda Marcelo Rebelo de Sousa.
Por outro lado, não nos podemos esquecer dos perigos. Ainda há pouco mais de 2 anos, um político no activo, Pedro Passos Coelho de seu nome, proferiu das mais graves declarações algumas que tive oportunidade de ouvir a alguém que deveria ser politicamente responsável.
Na altura, esta criatura dirigiu-se aos imbecis da universidadezinha de verão do seu partido, dito social-democrata, nestes termos!
“Já alguém perguntou aos 900 mil desempregados de que lhes valeu a Constituição até hoje?”.
Há pensamentos fatais para quem os diz em voz alta.
Este é um deles. Não tanto pelo que Passos Coelho - o autor da frase - diz, mas, sobretudo, pelo que a frase diz do seu autor - Passos Coelho.
É que ele disse isto, como poderia ter dito, outras coisas: para que serve a democracia? E a Liberdade? E as eleições?
Se é só despesa, não se pode eliminar tudo isto?
Na altura, os imbecis "universitários" aplaudiram.
A estupidez anda à solta. Com "estadistas" como Passos como professores, se estas ridículas "universidades" forem levadas a sério, o futuro de Portugal não sairá do nível de jotinhas sem formação humanística, nem sentido da democracia, nem decoro... Nada, a não ser ambição pessoal, própria de gente sem escrúpulos.
Gente que não presta, como esta senhora...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Lindo e melancólico o texto da Maria João Lopes sobre como se vivem os direitos consagrados na Constituição.
https://www.publico.pt/politica/noticia/o-sonho-de-abril-escada-acima-escada-abaixo-1727715
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