Desde que tenho memória, que tenho dado conta do azar que a Figueira tem tido com quem a tem governado.
Os figueirenses, por culpa sua, pois têm sido eles que os escolhem, têm tido a pouca sorte de terem a governá-los pessoas de subserviência e de servilismo.
A prioridade e a marca mais fácil de ver na cultura dos "nossos" políticos locais, foi sempre servir o dinheiro e quem o tem.
Podem dizer-me que isso é o natural, o lógico e o humano.
Contudo, além de triste, isso é explicação para muita coisa.
É por isso que os pobres detestam a riqueza e quem a detém.
Vamos - e isso talvez venha a ser uma mais valia que o Passos Coelho vai deixar aos portugueses - ter de recuperar a cultura dos pobres, os valores dos pobres, a riqueza da vida dos pobres.
Os pobres não invejam, não admiram, mas também não respeitam os ricos. Compreendem-nos e lamentam-nos. Acham caricatos os ares e a importância em que os ricos têm as aparências.
No teatro que é a vida, os pobres só pensam numa coisa, que os ricos consideram aborrecida, "sobreviver" um dia de cada vez.
Os nossos governantes - nacionais e locais - detestam os pobres. E, calões como são, fazem uso da lei do menor esforço: tratam dos ricos, de quem dependem e a quem bajulam e veneram e se submetem.
Como comecei por afirmar, desde que tenho memória, todos os executivos figueirenses estiveram sempre ao lado dos interesses dos ricos e dos poderosos. Nem com o 25 de Abril isso mudou.
Querem um exemplo, visível e prático: onde estão as contrapartidas para os figueirenses pela concessão da zona de jogo?..
O poder económico é um grande problema. O poder económico cala, o poder económico esmaga, o poder económico consegue transformar-se num simulacro da verdade e da virtude. A caridadezinha serve para isso...
Os pobres não são estúpidos e sabem isso melhor do que ninguém.
Porém, os pobres não são feitos de uma substância diferente da dos ricos.
Os exemplos de pobres que ascenderam ao poder político estão por aqui mesmo ao nosso lado e falam por eles próprios: o poder corrompe e é uma engrenagem implacável.
Os pobres que não querem o poder são mais livres, mais perspicazes, mais autênticos e mais lúcidos.
Os nossos governantes locais não chegariam aos ambicionados cargos eleitos pelos pobres, porque estes não acreditam em políticos - e têm razões para isso.
Mas a sociedade não é só constituída por ricos e pobres. Também é constituída por pessoas que pensam que os pobres são pobres porque merecem. E é aqui que entra em força a ideologia.
A tendência actual é para esconder e negar as ideologias: fazem-nos crer que identificam as nossas necessidades e os nossos objectivos e adoptam medidas, ainda que desastrosas e injustas para quem as vai sentir na pele, mas lógicas, à luz da verdade propalada pela propaganda para os atingir.
Não importa se as medidas são boas ou más, correctas ou incorrectas do ponto de vista humano, social democrático, jurídico, histórico...
Basta pouco, muito pouco: apenas, que do ponto de vista do poder económico, sejam lógicas e sirvam os seus interesses egoístas.
1 comentário:
Ó Sr. Dr. quando fala em lixo será que se está a lembrar da praia ?Ou aquilo no seu entender também é a sombra dos plátanos.
Vou ali dar mais um tiro no pé já venho.
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