Estamos, mais uma vez, a ser manipulados nas escolhas que teremos de fazer - indo votar ou não - no próximo domingo.
Habituaram-nos, quando ouvimos falar em eleições legislativas, como sendo aquele momento em que somos chamados a eleger um Governo e não os deputados que irão representá-nos nessa escolha que se faz no Parlamento.
A comunicação social, de maneira pouco ou nada inocente, refere-se apenas a dois (Passos e Costa) como “candidatos a Primeiro-ministro”. Contudo, isso é uma completa mentira: são 17 as escolhas que estão ao nosso dispor nestas legislativas.
Isto, porém, entranha-se nos eleitores, o que é um manifesto benefícios para alguns (os tais dois...) e o consequente prejuízo de todos os outros e da própria democracia.
Uns - os tais dois - são os “candidatos”, os outros são os “irrealistas”, os "utópicos", os que "não querem governar".
Colocadas as coisas assim, a escolha torna-se simples e óbvia.
Passos Coelho e Paulo Portas deram-se ao luxo de se apresentarem nesta campanha a eleições com um programa sem números e António Costa com um com uma série de números mal fundamentada.
Contudo, por toda a máquina de propaganda que nos abafa e limita nas nossas escolhas, são apenas eles os “candidatos a Primeiro-ministro”.
Os outros só estão no processo eleitoral para atrapalhar: não querem governar, acusam os partidos do actual governo e os socialistas.
Os portugueses são todos os dias pressionados e motivados para votar num partido que seja Governo- que o mesmo é dizer, na bipolarização dos sistema político português.
Aí, deparam-se com um problema: se se limitarem a fazer a escolha entre o mau e o péssimo, podem vir a permitir que um Governo que passou quatro anos a chamar poupanças aos cortes sucessivos desferidos sobre as suas vidas, seja considerado os “bons” - e continue a governar para acabar a "obra".
No próximo domingo vamos a votos. Entretanto, o assunto vai continuar na ordem do dia.
Já por cá ando ando há uns anitos. Depois do 25 de Abril de 1974 não falhei uma votação: votei Referendos, Legislativas, Autárquicas, Presidenciais.
Com a passagem do tempo evoluímos e vamos apurando ideais.
Daqui a 8 dias, ao fim do dia, já saberemos quem ganhou as eleições.
Veremos se os partidos do chamado arco do poder conseguem a tal maioria qualificada que lhes permitiria eliminar o Tribunal Constitucional - o obstáculo que constitui um espinho encravado na garganta do ainda actual primeiro-ministro.
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