Não há nenhum português que não saiba quem negociou, acordou e assinou o memorando com a Troika: PS, PSD e CDS.
Mas, Eduardo Catroga, que já tem uma certa idade, deve andar com problemas de memória: numa carta aberta ao líder do PS António Costa, a que o Diário de Notícias teve acesso, Eduardo Catroga diz que "tem de haver limites para a manipulação do passado". E afirma que o PSD foi "sistematicamente ignorado".
Eduardo Catroga frisa que foram as três instituições que a compunham a Troika que decidiram iniciar uma ronda de conversas com os partidos políticos de representação parlamentar, assim como com os parceiros sociais e outras entidades da sociedade civil, pelo que o PSD foi naturalmente incluído nesse conjunto de interlocutores.
"A conversa não foi uma negociação. Na referida reunião, o PSD transmitiu à troika as linhas gerais da política económico-financeira do seu próprio programa partidário. A troika limitou-se a escutar-nos". Nessa conversa estiveram além de Catroga, Carlos Moedas e Abel Mateus.
O economista e antigo ministro das Finanças afirma, agora, que o "PSD foi sistematicamente ignorado" pelo governo de então, e só encontrou "silêncio e opacidade" em torno das negociações com a troika. Daí as quatro cartas que Catroga diz ter escrito, nessa altura, ao ministro Pedro Silva Pereira e foram públicas.
Nem vou escrever mais nada. Para verificarem como estes políticos mudam de opinião conforme a oportunidade, vejam o vídeo abaixo.
É só comparar entre o que diz agora Catroga, com o que disse na altura, especialmente a partir dos 4 minutos e 39 segundos.
Olho com pena genuína para esta gente: a minha memória está consideravelmente melhor.
Ou isso, ou não tenho necessidade de me esquecer de me esquecer.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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