foto sacada daqui |
Está na massa do sangue deles: nenhum empresário - especialmente os grandes ... - gosta de pagar salários.
Portanto, pagam o mínimo que podem.
As palavras desse empresário sobre o desprazer que sente em pagar salários, teve a virtude e o condão de revelar a natureza da realidade em que vivemos neste Portugal PaF.
A racionalidade de quem paga salários é pagar o mínimo possível. O ideal - aqui podemos extrapolar que o senhor empresário deste concelho e deste país ainda não pensou suficientemente bem sobre o assunto - seria mesmo que as coisas se fizessem de outra maneira.
Não pense o leitor que eu vou aqui falar da escravatura.
A escravatura é uma enorme chatice, pois os escravos têm de ser alimentados e, entre senhor e escravo, ainda se estabelece uma certa ligação de dependência que pode perturbar, para além da digestão, o sentido estético do senhor.
Depois, há aquela dialéctica do senhor e do escravo, sobre a qual escreveu Hegel, um filósofo alemão. E se foi um alemão que escreveu aquilo alguma verdade lá há-de haver. O melhor é não haver lugar para dialécticas e os escravos tornarem-se senhores ou vice-versa.
O ideal mesmo seria que os trabalhadores por conta de outrem (esta expressão é toda uma visão do mundo), em vez de receberam salários, pagassem para ter o privilégio de trabalhar para os visionários e geniais empreendedores e observar, in loco, a sua criatividade, a sua capacidade de iniciativa, o seu elevado padrão estético.
Assim, tudo seria muito mais rentável para as empresas.
Na folha dos custos de produção deixaria de haver esse perturbador de digestões e sentimentos estéticos que dá pelo nome de salário.
As empresas encontravam, agora que os bancos não gostam de financiar os empreendedores visionários geniais que há por aí aos pontapés, uma nova fonte de receita.
Além do mais, isso seria assaz benéfico para o trabalhador.
Como sabemos, a palavra salário deriva do vocábulo latino salarĭu que significa soldo para comprar sal.
Sem o soldo (antes, com um soldo negativo) para comprar sal, o trabalhador - vamos lá, actualizar a linguagem: o colaborador... - não poderia salgar a comida, o que faz muito mal ao coração.
Uma medida destas não só ajudaria as empresas a crescer como seria protectora da saúde cardiovascular da população.
Logo seria benéfica para Serviço Nacional de Saúde. Que o mesmo é escrever: para a saúde financeira do país do PaF.
1 comentário:
É a gente como esta criatura, a terceira maior fortuna de França, a quem estão a entregar ao desbarato as nossas empresas.
Chama-se ele Patrick Drahi, multimilionário franco-israelita, com um peso de 14,9 mil milhões de dólares. Dono do grupo europeu Altice. “Eu não gosto de pagar salários. Pago o mínimo que puder”, o mesmo que dizer "dívida e salários miseráveis", um recadinho assustador para os milhares de trabalhadores da PT, sobretudo os 16 mil em outsourcing.
Patrick Drahi comprou a PT depois de Bava e Granadeiro terem feito o favor de perder quase mil milhões de euros com a bancarrota do BES.
E são estes tipos que sua Aníbalidade - como diz o António Ribeiro - anda a a oferecer ordens honoríficas e a espetar medalhas na lapela.
Porreiro, pá!
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