"O Convento de Seiça é um local de memórias de infância. Ali brincámos tardes inteiras sem consciência da importância da imensa história decorrida naquele espaço desde o tempo em que foi erguido, no final do sec. XII. Conheci muito bem o estado do Convento nos anos 80. O desinteresse pela história e pelo património arquitetónico era uma triste normalidade no Portugal do sec. XX. Hoje, felizmente, apreciamos mais e estudamos melhor a história que encerram as pedras destas obras do nosso passado. Mas ainda podemos fazer melhor.A Associação dos Amigos do Convento de Santa Maria de Seiça tem realizado um trabalho assinalável em prol da divulgação da história do Convento e da sua recuperação. O Prof. Eurico Silva em colaboração com esta associação publicou um belíssimo livro intitulado “Mistérios de Seiça” onde se dá a conhecer não apenas a história do Convento, mas também todo o contexto que envolve a sua construção e percurso pela história até à atualidade. Essa história ainda hoje tem muito por esclarecer, onde lendas se cruzam com a realidade.
A existência da Capela Octogonal junto ao Convento é um desses mistérios que convida a lendas e histórias fantásticas. Mas Eurico Silva também nos conta como foram os últimos tempos do Convento até ao seu abandono pelos frades no século XIX. Entrevista a família dos Carriços, que foram os últimos proprietários do Convento até à aquisição pela Câmara. E desde então, se encontra encalhado à espera de melhores dias.
Tendo em conta o indubitável interesse histórico, científico e social, bem como o enorme potencial turístico de um convento que pertenceu à Ordem Cisterciense será mais do que pertinente recuperar o Convento de Seiça. No entanto, essa recuperação deverá ser executada por especialistas e evitar reinterpretações que vão desvirtuar ou apagar para sempre os traços mais antigos do monumento. Uma excelente forma de criar uma dinâmica histórico-turística em torno do Convento seria integrar e dinamizar uma rede e/ou percurso nacional das 16 abadias e mosteiros cistercienses que existem no país."
Via Diário as Beiras
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