sábado, 13 de junho de 2020

Convento de Seiça (6)

"O convento de Seiça não é apenas um edifício imponente, é muito mais do que isso. A sua fachada e o que resta do seu interior em ruínas, mostram as vivências que remontam ao reinado de D. Afonso Henriques.
Nos dias de hoje a única forma de vida naquele local foi a natureza que
desenvolveu.
Ao longo dos anos até ao presente tem sido referido a sua necessidade de reabilitação. Mas a ironia do seu destino faz com que seja um assunto
de recorrente interesse de alguns a monumento esquecido para outros.
O problema é sempre o mesmo.
Falta de dinheiro. Reabilitar um edifício daqueles vai valer milhões e com o tempo os milhões vão aumentando.
Mas se o problema é dinheiro, basta fazer as contas, já dizia António Guterres.
A reabilitação do Cabedelo já vai em cerca de 3 milhões € e ainda nem a meio vai. Como a Figueira gosta de estar na moda e é amiga do ambiente a requalificação no centro da cidade e de Buarcos ficou orçamentada num total das duas de 3.8 milhões €, fora as “trapalhadas” na rua dos Combatentes da Grande Guerra, o autor da estátua do pescador que decidiu reclamar e até estacionamentos que foram feitos por duas vezes. E já agora acrescentar 1.3 milhões € para a mega transformação do jardim municipal, que será tão avançada para a época que ninguém entende.
Só nestes exemplos somamos um valor de 8.1 milhões €. Será que são estas as prioridades da Figueira? Se existisse uma estratégia centrada na essência da terra e das suas gentes podíamos ter aqui uma reabilitação do Mosteiro de Seiça. Ao invés disso o caminho foi e continua a ser betonar as freguesias urbanas. É onde existe mais pessoas e, aparentemente, mais votos. Infelizmente, para os comerciantes, o betão não ajudou.
Prioridades de quem gere os milhões! Através de uma reabilitação, o Mosteiro de Santa Maria de Seiça poderia ser um monumento de celebração da cultura, onde faria sentido contemplar a sua história, ou até ser um lugar para destacar os nossos talentos figueirenses. Desde a pintura, à escultura, à fotografia. Porque não ser um tributo a Mário Silva. Pelo menos Cantanhede (Tocha) teve essa sensibilidade. Respeitar um monumento desta dimensão é dar-lhe vida!"
Via Diário as Beiras
"Pessoalmente, não sou de grandes misticismos, mas confesso que o Convento de Seiça e toda a sua envolvente me provocam, sempre que lá vou, uma sensação transcendental, mística, quase como uma viagem espiritual a um vale encantado. Não sei se será da lenda dos degolados do Abade João ou da lenda da cura de D. Afonso Henriques, que terá mandado construir o atual convento, onde talvez já existisse um outro mais modesto, ou ainda se será devido às águas da Ribeira de Seiça, que serviram para produzir os míticos pirolitos de que sempre ouvi o meu pai falar. O que é certo é que é um lugar especial. A construção do convento iniciou-se em 1185. Ocupado por monges, talvez ligados à ordem de Cister, julga-se ter tido o seu auge de importância quando foi escola de Teologia e Filosofia, tendo sido abandonado em 1834 com a extinção das ordens religiosas. Menosprezado, foi parcialmente despojado e destruído e, em 1911, foi adquirido pela família Carriço que o transformou numa fábrica de descasque de arroz. Devido a todo esta importância histórica, em 1999, o Município decidiu “salvá-lo” adquirindo-o por 226.254€ com o pressuposto de que “a sua aquisição seria de grande responsabilidade, implicando obrigatoriamente um esforço articulado com o poder central, pois a sua recuperação e manutenção não poderia ficar só aos ombros do município”. Infelizmente, passados 10 anos, chegou-se a 2009 e nada tinha sido feito. Como diz o povo “de boas intensões está o inferno cheio”. O convento de Seiça continuava abandonado e por classificar como monumento nacional, não foi desenvolvido qualquer projeto de reabilitação e, para agravar, o PS herda uma câmara falida. Sem qualquer viabilidade de poder intervencionar o edifício, pois existiam outras prioridades: escolas degradadas, mercados e centros de saúde por construir, o executivo tratou de elaborar um projeto de consolidação das ruínas cuja obra custará cerca de três milhões de euros, financiada pelo Estado, e em 2018 conseguiu a sua classifi cação como monumento nacional. Acredito que após a referida obra, o futuro do monumento passará por ser um atrativo turístico relevante para a região, um local de visita cultural, histórica e até espiritual."
Via Diário as Beiras

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