sábado, 13 de junho de 2020

Figueira

Sem conhecermos o impacto da pandemia na economia do concelho, a propaganda da Câmara Municipal virou-se para a campanha "quem é que gosta mais da Figueira?"
Quer dizer: fez mais uma postagem no Facebook.


Figueira:
Tenho 66 anos. Porém, tu fazes com que sinta que tenho 1966.
Que culpa tive eu do mal que te fizeram?
Em 2020, isto parece tudo uma brincadeira, uma irresponsabilidade, uma mentira ou um golpe de magia do Luís de Matos...
Figueira:
Não imaginas a emoção que sinto quando ouço a Marcha do Vapor!
Àparte o facto de me tentarem convencer que nos espera um futuro mar de rosas (que os figueirenses me perdoem, mas a maioria deles teme...).
Mas as fotos tiradas do céu são lindas, formosas e belas...
Figueira:
Um dia ainda vou passar uma noite ao Convento de Seiça, a ver se por lá ainda anda o D. Afonso Henriques.
A única coisa que temo, é apanhar  um resfriado e ir desta para melhor.
Se tivesse dinheiro comprava o Paço de Maiorca.
Que grande jeito não faria essse dinheiro à Câmara do presidente Monteiro!.. 
Era capaz de fazer isso só para ouvir a Marcha do Vapor.
Figueira:
Vou contar-te um segredo: estou louca e perdidamente apaixonado por ti!
Até eu estou admirado: como me fui apaixonar por uma velha mal cuidada, decrépita e idiota como tu?
Talvez, porque tens um coração doce (ainda mais doce que os pastéis de Tentugal, as espigas de Montemor ou as queijadas de Pereira).
Figueira:
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e quatro, Salazar estava no poder. Muitos comunistas estavam presos.
Tive amigos e familiares que estiveram na guerra. Eu escapei por uma unha negra.  
Tive amigos e familiares que emigraram. Eu escapei por uma unha negra.  Podia estar agora no Brasil. Mas nada de traumas, nem ressentimentos.
Figueira:
Não imaginas a emoção que sinto quando ouço a Marcha do Vapor! 

1 comentário:

Leila Duarte disse...

Gostei imenso do seu texto!