"As “fake news”, tal como entraram
muito recentemente nas nossas vidas, trazem no bojo uma ambição de
censura não institucionalizada mas muito mais eficaz. A operação “fake
news” impõe, de facto, as verdades oficiais do sistema dominante
transmitidas precisamente através dos meios que sempre produziram as
falsas notícias, os chamados mainstream. Ou seja, a comunicação social
de grande consumo não apenas continua a limitar o acesso dos seus
frequentadores – seguramente mais de 90 por cento da população mundial –
à realidade em que vivem como aponta o dedo inquisitorial aos que lutam
por desvendar e divulgar essa mesma realidade, transformados assim em
criminosos fazedores de “fake news”.
Por isso, a operação “fake news” não apenas reforça o juízo moral,
político e económico, que pretende ser absoluto, como tenta asfixiar a
contestação fundamentada desse juízo. A operação “fake news”, no limite,
quer inviabilizar os efeitos dos mecanismos através dos quais se
divulgam realidades diferentes, factos contraditórios, opiniões
contrárias – desacreditando-os, perseguindo-os, caluniando-os."
José Goulão O Lado Oculto. Antídoto para a propaganda global. Semanário digital de informação internacional.
José Goulão O Lado Oculto. Antídoto para a propaganda global. Semanário digital de informação internacional.
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