segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O burro, porque é burro, só faz o que lhe apetece...

"O 1.º de Dezembro não é uma data qualquer na história de Portugal. Não se comemora uma mudança de regime ou de sistema político ou o nascimento de um santo ou outra qualquer data importante. Dias, acontecimentos, efemérides que, claro está, devem também ser lembrados e comemorados porque são parte da nossa história, do nosso passado comum. O 1.º de Dezembro é muito mais importante. Comemora-se a restauração da independência nacional. Uma data em que voltamos a tomar o nosso destino nas mãos. Em que, juntos, decidimos arriscar a nossa vida e a dos nossos filhos para sermos donos do nosso futuro. Não é possível conceber uma data na nossa história que tenha mais relevância, mais significado para aquilo que somos enquanto povo.

O que os dirigentes do PSD fizeram ao não estar presentes nas comemorações do 1.º de Dezembro foi preferir fazer uma birrinha politiqueira a respeitar o passado do seu país, a memória de um povo, do seu povo. Não consigo imaginar maior falta de sentido de Estado, maior falta de patriotismo, maior ausência de conhecimento sobre valores fundamentais, maior ignorância sobre o que une uma comunidade e o que lhe dá sentido. Uma mancha vergonhosa na história do partido."

Na crónica de que transcrevi dois excertos, "O 1.º de Dezembro, a memória e a politiquice", Pedro Marques Lopes explica a falta de visão e mais um tiro no pé deste PSD de Passos Coelho.
Embora oficialmente o 1º de Dezembro tenha deixado de ser feriado, por obra e graça de um governo presidido por Passos, Passos não compreendeu em tempo útil, que essa é das tais datas que nunca iriam cair  no esquecimento dos portugueses, pois é uma data que está associada a um dos maiores acontecimentos da História de Portugal: a reconquista da independência em 1640, depois de 60 anos de domínio espanhol
Uma data com este significado merecia continuar a ser assinalada em celebrações oficiais. E António Costa, percebeu que a memória dos feitos que forjaram, ao longo dos séculos, a identidade e o futuro de Portugal entre as outras nações europeias, é uma memória que deve continuar a ser comemorada a nível de Estado. Por isso restabeleceu a comemoração oficial deste feriado.

Passos tinha obrigação de saber, que reconquistar a liberdade, para os conjurados do 1º de Dezembro de 1640, foi um acto patriótico, cheio de abnegação e de fé, em que empenharam a vida, a família, os bens e a honra, uma missão cujos lances eram incertos e arriscados, pois nem o rei que queriam pôr no trono, o Duque de Bragança, lhes prometera lealdade absoluta. Que tal como o Mestre de Avis, quando entrou no paço da rainha para matar o conde Andeiro, também eles não hesitaram em invadir o palácio da Duquesa de Mântua, dar-lhe voz de prisão e atirar por uma janela o traidor Miguel de Vasconcelos. 
O futuro estava traçado e o preço da nova liberdade custaria a Portugal, como no tempo de D. João I, um duro esforço de guerra, até finalmente os tercios filipinos regressarem à fronteira de Badajoz, vergados sob o peso da derrota, e outros estados europeus, incluindo o Vaticano, esquecerem as suas alianças com Espanha, reconhecendo como legítima a subida ao trono de D. João IV.
É por isto, que a ausência do PSD nas comemorações do 1.º de Dezembro, em 2016, não pode ser vista como mais um fait divers político.

A ausência do PSD das comemorações do Dia da Restauração, em 2016, é  uma falha gravíssima, uma atitude que envergonha quem a cometeu, mas também quem votou no PSD, quem já tenha votado e, no fundo, todos os portugueses.

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