Eis uma visão da Figueira, cidade amena, agradável e bela, ainda composta de regulares edifícios.
Os olhos, com esta visão aérea, de um só golpe, têm vista do casario, do mar, da praia, da avenida marginal, de uma harmonia e elegância raras.
Nota-se a integração natural das construções ainda em sintonia com a paisagem, o que deveria tornar imensamente agradável o passearmo-nos por uma cidade onde a beleza e bom gosto estão patentes na foto que saquei daqui.
Esta, é uma foto para que apetece olhar por muitos minutos, tal a beleza que nos recorda.
Esta Figueira, que existiu e foi destruída pelo homem, se fosse uma mulher, dir-lhe-ia que aquela elegante harmonia de discretamente se mostrar lhe ficava lindamente.
Agora, apetece-me semicerrar os olhos. E recordar. E recordar. E recordar...
E, ao regressar a finais de 2016, lamentar! Lamentar! E lamentar...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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2 comentários:
É provavelmente à volta de 1955.
Interessantíssima: a linha de árvores da Rua da Liberdade a este, toda a mata Sotto Mayor a norte, o Tennis Club com o ringue de patinagem/gincana de bicicletas a sul, a dar ideia que o burgo estava amuralhado pelo enorme chão de água que o banhava a oeste.
JM
Efectivamente a fotografia terá sido tirada no período entre o ano de 1953 (data de inauguração do Grande Hotel da Figueira) e 1959 (+-)quando começaram a construir o 1º edifício junto à Piscina Praia.
No Ténis Clube ainda existia o mini golfe.
JARP
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