terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Por vezes, a perspectiva da Aldeia, vinda do outro lado, pode trazer-nos uma agradável surpresa!..

No Cabedelo, basta olhar e ver, até onde a vista alcança, e ficamos com a alma cheia de um contentamento que não é fácil de descrever, mas que uma sensibilidade arguta e aguçada, como a da Isabel Maria Coimbra, consegue transmitir. 
Foi, penso eu, uma forma diferente e boa de reencontro interior e anterior. Isto é, que remonta a anos atrás, quando o Cabedelo era a praia de eleição da Isabel Maria Coimbra, a autora do excelente texto que passo a citar.

MOMENTO SALVÉ CABEDELO: 
foto Isabel Maria Coimbra
"Já pensámos, fotografámos ou desenhámos um mar alaranjado do sol poente onde não há lugar para enjoo. 
Muitos, contam histórias vividas à beira mar com heróis verdadeiros ou inventados. 
Outros, procuram longe de casa praias e mares invulgares na busca de instantes diferentes e felizes. 
Alguns, os sonhadores, já imaginaram embarcar entre peixes e cheiro a maresia. 
O certo é que procuramos sempre algo de novo na imensidade salgada do mar. Algo que nos reconforte e recompense do abandono e da insensatez da acção do Homem no litoral, que tem tido consequências desastrosas na orla marítima. 
(…)
A “aldeia” é pequena e a viagem é curta.
Basta atravessar a ponte para a outra margem que logo chegamos à rotunda da Gala. Viramos à direita e seguimos a via, curvando ligeiramente à esquerda uns metros à frente. 
Prosseguimos o caminho virando novamente à direita e uma placa de sinalização indica-nos o Cabedelo e o Parque de Campismo
A rua, estreita de Verão para acolher o trânsito e os viajantes, parece agora ampliada. O piso acrescentado ao antigo alcatrão revela que o Município não tem aquele canto de terra no top de preferências ou prioridades turísticas
No primeiro contacto de fim de trajecto avistamos, do lado contrário da borda do mar, a Escola de Surf
Lançamos um olhar fortuito em redor para termos a certeza que não chegámos ao fim do mundo numa mesma cidade. Estacionamos a viatura numa espécie de parque de estacionamento, feito à pressa e sem carinho, num terraplanado irregular. Assim que nos aproximamos do paredão sentimos um forte (e único) sabor a mar. 
foto António Agostinho
O lugar convida a uma conversa sem rumo. 
Seduz à contemplação daquele belo recanto aconchegado pelo calor do Sol. 
Não há vento.
Nem frio. 
Nem ruído que perturbe a paz de um final de tarde a reter em boa memória. 
No cimo das pedras vêem-se umas esculturas interessantes feitas por um francês, que lembram algo místico. 
A simplicidade é perfeita. 
Não é todos os dias que capturamos um pôr - do -sol luminoso poisado na leve ondulação do oceano mas...aconteceu hoje na esplanada do café bar do Parque de Campismo do Cabedelo. 
Se a vida tem horas salutares de convivência e dias felizes de descanso… que seja aqui. 
Um lugar a revisitar. Perto. Lindo. Tranquilo… tristemente longe dos interesses de uma autarquia como local a preservar e a socorrer com urgência.
Muito obrigada ao excelente anfitrião Antonio Agostinho, pelo amor à terra que o viu crescer, pela conversa despretensiosa e pela tarde na “outra margem” no bar do Cabedelo."

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