António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
domingo, 2 de novembro de 2008
Nós, covagalenses, temos tão pouco...
Em nome da modernidade, a velha Ponte dos Arcos foi recentemente demolida sem apelo nem agravo.
Em nome da modernidade, a Capela de S. Pedro (o monumento mais valioso e emblemático da Cova e Gala, património colectivo das populações das duas povoações, pois, segundo documentos que o investigador covagalense João Pereira Mano estudou, a Capela de S. Pedro original tinha sido edificada em 1820) foi completamente adulterada em 2000 e 2001.
Em nome da modernidade, As Alminhas, um raro vestígio do nosso passado, ainda intacto, encontra-se no estado que a foto mostra, por culpa de nós todos, no geral, mas da EDP, em particular.
Será que somos uma terra de alarves e não temos civilização para fazer respeitar a memória espiritual do que nos foi legado e era um património vivo daquilo que fomos?
Será que somos uma terra de lepes, canalha de mão estendida a quem encheram os bolsos sem antes ensinarem a mastigar de boca fechada?
O resultado é esta vileza: deixar demolir a velha Ponte dos Arcos, não ter preservado a velha Capela e permitir As Alminhas no estado que a foto documenta.
Já imaginaram o que seria arrasar a casa de Dickens em Londres, onde ele só viveu escassos meses? (está lá, para ser visitada)
Destruir a casa de Balzac em Paris, onde o homem viveu com um nome falso, e mesmo assim não se livrava dos credores? (também lá está)
Arrasar as ruínas de Conimbriga, que foi habitada entre o séc. IX a.c. e Sécs. VII-VIII da nossa era, para construir uma auto-estrada ou um bloco de apartamentos? (estão lá e preservadas)
Mas o pior, muito pior para nós covagalenses, periféricos e provincianos, é que eles, ingleses e franceses têm tanto, e tantas casas, de Dickens, de Balzac, de Thackeray... E, por esse país fora, há tantos e tantos vestígios da passagem dos romanos pela península ibérica...
E, nós covagalenses, temos tão pouco...
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9 comentários:
Quando se fazem comentários sobre determinados assuntos seria bom que as pessoas conhecessem a realidade. A Capela de S. pedro edificada em 1820 pelo povo da Cova de Lavos, sofreu ao longo da sua história várias alterações. Algumas delas sim atentatórias do património. Ex.: quando se deitou abaixo o parte do interior para dar mais luz; quando se construiram dois nichos nas laterais sem qualquer sentido; quando se construiu uma casa mortuária que era um simples corredor sem condições; quando se fez uma torre desenquadrada do resto da Capela (nunca vi uma torre de Igreja com duas aberturas a oeste e duas a este e nenhuma para norte nem para sul); etc, etc, etc.
hoje temos uma Igreja com condições onde possivelmente o senhor nunca entrou, nem para conhecer nem para perguntar se era necessária ajuda para alguma coisa. Quem assumiu a responsabilidade de avançar com esta remodelação preocupou-se e muito em preservar algo da história do povo da Cova de Lavos. A fachada está integralmente igual ao que era, no seu interior estão preservados alguns dados da história passada e recente deste povo. E se necessitar de mais esclarecimentos estou disposto um dia a fazer-lhe uma visita guiada dando-lhe a conhecer todas as actividades. Mais informo que toda a concepção da igreja obedeceu a rigorosos estudo de arte sacra e que não foi construído sem o devido consentimento de quem sabe. Antes de falar informe-se
Victor Abreu
pra esta juventude(!!!) é mais fácil atirar pedras sem saber do que apanhá-las e construir.
1. Senhor Victor Manuel Duarte Abreu Tesoureiro da Capela de S. Pedro foi o Senhor que disse:
“Quando se fazem comentários sobre determinados assuntos seria bom que as pessoas conhecessem a realidade. A Capela de S. pedro edificada em 1820 pelo povo da Cova de Lavos, sofreu ao longo da sua história várias alterações. Algumas delas sim atentatórias do património. Ex.: quando se deitou abaixo o parte do interior para dar mais luz; quando se construiram dois nichos nas laterais sem qualquer sentido; quando se construiu uma casa mortuária que era um simples corredor sem condições; quando se fez uma torre desenquadrada do resto da Capela (nunca vi uma torre de Igreja com duas aberturas a oeste e duas a este e nenhuma para norte nem para sul); etc, etc, etc.”.
2. Eu disse:
“Será que somos uma terra de lepes, canalha de mão estendida a quem encheram os bolsos sem antes ensinarem a mastigar de boca fechada?
O resultado é esta vileza: deixar demolir a velha Ponte dos Arcos, não ter preservado a velha Capela e permitir As Alminhas no estado que a foto documenta.”
3. Já entrei na Capela de S. Pedro, tantas ou mais vezes que o Senhor. Porventura, em épocas e ocasiões distintas.
4. Mas, não é por isso, por eu, ou o Senhor termos entrado mais vezes na Capela de S. Pedro que nos torna mais e melhores cidadãos.
5. Agradeço a sua disponibilidade para realizar uma visita guiada.
6. Não sendo um privilégio, pois a idade é um posto muito ingrato, ainda o Senhor não calcorreava estas paragens, já eu frequentava a Capela de S. Pedro, frequentava a Catequese e tinha a ideia de querer ser Padre...
Com os melhores cumprimentos
António Agostinho
Senhor Agostinho, começando por lhe responder a partir do ponto 6, lamento que a sua ideia de ser padre não tenha ido para a frente pois com a falta de vocações que existe na Igreja se calhar neste momento teríamos um Pároco da terra e já seríamos uma Paróquia.
Quanto ao ponto 3 eu nunca coloquei em causa o ter entrado mais ou menos vezes que o Senhor na Igreja, coloquei sim em causa o facto de possivelmente não estar informado sobre os esforços que foram feitos para preservar alguma memória dos antepassados, e apesar de não ter nascido nesta Freguesia sinto-a como se fosse minha é como se nunca tivesse conhecido outra, caso me seja dado esse previlégio, pois segundo parece somente os de nativos da Cova Gala zelam pelos bens de S. Pedro. Não é minha intenção medir ou pesar o nº de vezes que cada cidadão entra na Igreja estamos num estado laico, e nesse contexto cada um professa a religião que lhe aprouver, mas para mim a Igreja que foi construída não é só o lugar de culto cristão, é também toda a estrutura que a envolve. Capela mortuária (todas as religiões se servem dela) salas de catequese condignas, e se frequentou a catequese como indicou deve-se lembrar que as condições no seu tempo não seriam as melhores para ministrar os ensinamentos de Jesus Cristo,hoje existem 3 salas e um salão com wc de apoio, onde as crianças da nossa terra se sentem bem e as pessoas que ministram esses ensinamentos podem conseguir outros resultados. Uma cave onde neste momento funciona o Agrupamento de escuteiros marítimos de S. Pedro. Toda a área envolvente onde se realiza a Festa de S. Pedro e que graças à Junta de Freguesia e CMFF é a sala de visitas da localidade.
Quanto à visita guiada é pena que não considere um previlégio visitar a Igreja na minha companhia ou na de qualquer oura pessoa da Comissão. Posso lhe dizer que a nossa Igreja( e não sei se fica melindrado que diga nossa pois eu não sou da terra)é visitada e elogiada por muita gente que este projecto da autoria do falecido Arq. Madeira Portugal em colaboração com pessoas nascidas em S. Pedro conseguiu-se um projecto enquadrado, amplo (triplicou a capacidade) e com estruturas de apoio de extrema necessidade para a comunidade. Não sei qual seria a sua ideia mas se passava por deixar intacta a antiga Capela e fazer uma Igreja de raiz deixe-me dizer-lhe que não era possivel enquadar essa estrutura com o espaço existente em virtude de os nascidos em S. Pedro como o Senhor terem deixado que a Igreja fosse expoliada, sem ser reçarcida, de cerca de 4.000m2 de terreno para vias publicas. Tendo em conta isso esta Comissão através da Junta de Freguesia conseguiu que o adro da Igreja fosse arranjado a expensas publicas como contrapartida do passado. Aproveito para esclarecer para quem não saiba o que significa "lepes" não me revejo substantivo e se alguém se revê paciência.
Termino informando que assim que possivel irei enviar à Assembleia de Freguesia a memória descritiva do projecto da Igreja de S. Pedro no sentido de esclarecer este assunto de uma vez por todas
lepes
s. m.,
gír., antiga moeda de dez reis;
café de -: botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.
Senhor Agostinho, começando por lhe responder a partir do ponto 6, lamento que a sua ideia de ser padre não tenha ido para a frente pois com a falta de vocações que existe na Igreja se calhar neste momento teríamos um Pároco da terra e já seríamos uma Paróquia.
Quanto ao ponto 3 eu nunca coloquei em causa o ter entrado mais ou menos vezes que o Senhor na Igreja, coloquei sim em causa o facto de possivelmente não estar informado sobre os esforços que foram feitos para preservar alguma memória dos antepassados, e apesar de não ter nascido nesta Freguesia sinto-a como se fosse minha é como se nunca tivesse conhecido outra, caso me seja dado esse previlégio, pois segundo parece somente os de nativos da Cova Gala zelam pelos bens de S. Pedro. Não é minha intenção medir ou pesar o nº de vezes que cada cidadão entra na Igreja estamos num estado laico, e nesse contexto cada um professa a religião que lhe aprouver, mas para mim a Igreja que foi construída não é só o lugar de culto cristão, é também toda a estrutura que a envolve. Capela mortuária (todas as religiões se servem dela) salas de catequese condignas, e se frequentou a catequese como indicou deve-se lembrar que as condições no seu tempo não seriam as melhores para ministrar os ensinamentos de Jesus Cristo,hoje existem 3 salas e um salão com wc de apoio, onde as crianças da nossa terra se sentem bem e as pessoas que ministram esses ensinamentos podem conseguir outros resultados. Uma cave onde neste momento funciona o Agrupamento de escuteiros marítimos de S. Pedro. Toda a área envolvente onde se realiza a Festa de S. Pedro e que graças à Junta de Freguesia e CMFF é a sala de visitas da localidade.
Quanto à visita guiada é pena que não considere um previlégio visitar a Igreja na minha companhia ou na de qualquer oura pessoa da Comissão. Posso lhe dizer que a nossa Igreja( e não sei se fica melindrado que diga nossa pois eu não sou da terra)é visitada e elogiada por muita gente que este projecto da autoria do falecido Arq. Madeira Portugal em colaboração com pessoas nascidas em S. Pedro conseguiu-se um projecto enquadrado, amplo (triplicou a capacidade) e com estruturas de apoio de extrema necessidade para a comunidade. Não sei qual seria a sua ideia mas se passava por deixar intacta a antiga Capela e fazer uma Igreja de raiz deixe-me dizer-lhe que não era possivel enquadar essa estrutura com o espaço existente em virtude de os nascidos em S. Pedro como o Senhor terem deixado que a Igreja fosse expoliada, sem ser reçarcida, de cerca de 4.000m2 de terreno para vias publicas. Tendo em conta isso esta Comissão através da Junta de Freguesia conseguiu que o adro da Igreja fosse arranjado a expensas publicas como contrapartida do passado. Aproveito para esclarecer para quem não saiba o que significa "lepes" não me revejo substantivo e se alguém se revê paciência.
Termino informando que assim que possivel irei enviar à Assembleia de Freguesia a memória descritiva do projecto da Igreja de S. Pedro no sentido de esclarecer este assunto de uma vez por todas
lepes
s. m.,
gír., antiga moeda de dez reis;
café de -: botequim ordinário, onde se vendia o café a dez reis cada xícara.
1. Alguém neste país teria coragem de arrasar os Jerónimos para construir e Centro cultural de Belém?
2. Quando o Senhor estiver disponível e eu também podemos encontramo-nos para fazer a tal visita guiada - que farei com todo o prazer - e conversarmos sobre este assunto.
Melhores cumprimentos
O meu mail é agostinho5@sapo.pt
Ninguém no seu perfeito juizo o faria mas nós não somos o Estado, e para se fazer a obra está à vista de todos foi preciso o sacrifício e a vontade de muitos, Era de todo incomportável financeiramente manter e recuperar a antiga Capela e construir uma de raiz, daí o compromisso de manter viva a memória do passado através de pequenos pormenores que muito significam para este humilde povo. Aproveito para mais uma vez, e não me canso de o fazer, de agradecer a todos os que trabalharam e contribuiram para tão grandioasa obra. A Igreja de S. Pedro é para o povo da Cova Gala os Jerónimos possiveis e centro cultural de belém é o Centro Social. A todo o povo de S. Pedro o nosso bem hajam as gerações vindouras saberão agradecer.
Estou disponível para a visita domingo dia 9 de Novembro pelas
10:00h da manhã. Será um prazer servir um digno elemento da Assembleia de Freguesia numa visita pela nossa Igreja.
Disse muito bem, "em épocas e ocasiões distintas", ou seja, só lá aparece nas alturas em que possa ser visto para mais tarde poder dizer que lá esteve tendo testemunhas. Mas e nos domingos às dez horas? Tenho certeza que lá não aparece. O senhor Vitor fez muito pela igreja, ausentou-se de muito sítio para estar presente nos assuntos da igreja e tratar de coisas que nem respeito lhe diziam, e agora vem dizer que lá entrou tantas ou mais vezes que ele!
E podia não calcorrear estas paragens mas ter feito mais pela comunidade de S. Pedro que alguma vez o senhor fez!
O senhor nunca ouviu falar em evolução? O Mundo est´q a evoluir e nós não podemos prender-nos ao passado, senão que raio de mundo era o nosso?
Pense nisso (e aceite o comentario desta vez sff)...
Senhor Vicor Abreu:
Por questões preofissionais é-me impossível aceitar o seu amável convite para domingo, pelas 10.00 da manhã.
Melhores cumprimentos
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