Foi hoje, sábado, pelas 16 horas, com a sala bem composta de público, que Pedro Rodrigues apresentou o seu novo livro Amor de Pechisbeque, no Quartel da Imagem (antigo quartel dos bombeiros municipais, junto à Igreja Matriz).
Na mesa, a acompanhar o autor na apresentação do Amor de Pechisbeque estiveram Miguel Cardoso da Editora Cultura e António Agostinho.
Na mesa, a acompanhar o autor na apresentação do Amor de Pechisbeque estiveram Miguel Cardoso da Editora Cultura e António Agostinho.
Amor de Pechisbeque, «é um livro em que a realidade e a ficção se entrelaçam. Uma história sobre o amor e o desamor, sobre o infortúnio, a ansiedade e a esperança. Sobre a dualidade que existe em todos nós: o lado A; o lado B.
É um livro carne. Um livro sangue. Como é que alguém se apaixona? Abrindo os olhos.
Quando alguém termina um relacionamento amoroso, a vida parece um verdadeiro fim do mundo. O desnorte nos sentimentos baralha-nos em tudo o resto, desde a simples ocupação dos tempos livres com os amigos à própria estabilidade pessoal e familiar. Amor de Pechisbeque é um romance escrito à flor da pele, que nos faz descobrir vírgulas onde só vemos pontos finais.»
Depois da apresentação do livro, decorreu um período aberto a perguntas do público presente na sessão. Foi uma troca de pontos de vista interessante e animada, que decorreu em tom coloquial, entre alguns leitores e leitoras e a mesa, que se prolongou por largos minutos.
No final, o autor autografou alguns exemplares do Amor de Pechisbeque.
Fica o texto que tinha preparado para o evento, e em que se baseou o improviso que proferi.
Em primeiro lugar, saúdo todos os presentes.
Em segundo lugar, dirijo o meu humilde e reconhecido agradecimento ao Pedro Rodrigues, manifestando a minha sincera alegria por ter sido convidado para falar nesta sessão de lançamento do seu novo livro.
Entendendo que o momento não é meu, mas sim do autor, procurarei ser breve:
Nesta circunstância quase embaraçosa porque inesperada, deveria proferir apenas algumas palavras de improviso, sem ter como base um texto previamente escrito.
Antes de falar sobre o autor, gostaria, ainda que de forma rápida, recordar um Homem que existiu na família, o querido avô do Pedro Rodrigues - primo direito de meu pai - Victor Sacramento, a quem eu carinhosamente chamava "primaço", e que, talvez sem nunca se aperceber, mostrou-me a importância de ter sempre pronto um sorriso nos lábios. Era uma figura conhecida na nossa Aldeia e de facto um homem marcante: “alto; cabelo literalmente branco, como a neve; forte como um touro - um homem do mar à moda antiga. Daqueles que já não se fazem.” !..
Vivemos actualmente tempos difíceis. Covid, guerra na Ucrânia e, na nossa terra, o mar a misturar-se com o pinhal e a praia que o Pedro frequenta desde miúdo a teimar em desaparecer.
Mas, volto agora ao tema que nos trouxe hoje aqui – o Pedro Rodrigues e o seu novo livro.
(…)
Quarta-feira, dia 11 de maio de 2011, foi o dia em que tomei contacto com a prosa do Pedro no blogue Os Filhos do Mondego. Desde logo gostei do que li. Como exemplo: "Somos filhos daqueles que se apaixonaram nas margens deste rio. Que são filhos daqueles que sobreviveram às custas deste rio. Somos filhos do sangue, suor e lágrimas que as águas deste rio lavam."
Os Filhos do Mondego, um blogue que creio criado com o intuito de expor textos da sua autoria, foi importante para o Pedro e também para mim. Para mim, por ter descoberto o escritor Pedro Rodrigues nesse "espaço de exposição de opiniões próprias e desvarios." Fiquei cliente. Desde logo fiquei fascinado pela sua escrita. Aliás, o Pedro é o único escritor de quem tenho - e li - toda a obra publicada.
O Pedro, desde muito novo, viveu na fronteira que separa as ciências das letras e espero que consiga que sejam as letras a pagar-lhe as contas, pois o seu sonho é escrever e viver apenas da escrita.
"Eu hei-de amar uma puta" foi, digamos, o seu primeiro escrito publicado e, porque não há inverno que dure para sempre, "DEVE SER PRIMAVERA ALGURES", foi o seu primeiro Romance.
O Pedro pertence a uma época privilegiada porque nasceu e cresceu num País livre. Ao contrário , eu não esqueço os meus 20 anos e o mundo que então se abriu e as marcas que ficaram para sempre agarradas à minha pele, gravadas a fogo na minha memória, pelo 25 de Abril de 1974, nem as pessoas excepcionais com as quais vivi esse sonho singular que foi a reconquista da Liberdade no meu País. A Liberdade tem de ser cuidada, para que nunca se cumpra o receio que Jorge de Sena, um dia, expressou nos seus versos: "Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam."
Quando se chega aos 60 e uns tantos, recordamos aqueles que fomos perdendo pelo caminho e, ao lembrar o percurso que fui trilhando, dou conta que ainda me sobra um pavio de energia, disponível para defender os valores da verdade, da liberdade conquistada e da democracia.
Então, acredito que uma geração mais jovem será capaz de erguer uma nova esperança para a minha Terra. Sei que essa geração existe, dispensa paternalismos serôdios e espera somente que a deixem percorrer o seu caminho.
O melhor que lhe podemos deixar como herança são bons exemplos, tais como: a persistente defesa dos valores da dignidade e dos verdadeiros valores da Cova e Gala, da valorização do trabalho honesto e competente, da demonstração prática de que é possível singrar pelo mérito, da coragem de pensar o futuro sem esconder nem renegar o nosso passado.
Espero que mais jovens “covagalenses” como o Pedro Rodrigues aproveitem para fazer e dar o seu melhor. Tudo depende deles, do seu inconformismo e da sua capacidade e competência para concretizar as coisas e, em nome do futuro, espero que não se acomodem nem se resignem!
Caro Pedro, “este bichinho da escrita e da poesia não te é recente. Desde menino que te sentes preso a este mundo e não tens vontade de lhe escapar."
Em nome do futuro - teu e de quem gosta de te ler - não te acomodes. Escreve.
E não te esqueças da poesia porque um poema nunca é inútil... Como disse alguém: inútil, é o sabor a laranja num supositório!
Como bem sabes, escrever é um enorme desafio e "ser artista é muito difícil."
Tu estás onde estás, a fazer o que gostas. Basta que acredites e vais chegar onde queres.
Não caias na inércia mesmo sendo difícil o caminho. Tu és suficientemente bom naquilo que fazes, para que possas seguir a direcção que pretendes há muitos anos.
Citando alguém que tu conheces muito bem: "É verdade, não é fácil. Viver, escrever, amar, crescer, navegar, construir. Tudo o que nos constrói requer esforço. Porque o mundo, como existe, é uma máquina de destruir. Daí ser tão fácil agredir, destruir, desacreditarmo-nos uns aos outros, mas tão trabalhoso construir. O mar bate constantemente na pedra, mudando-lhe a forma, o vento arredonda-lhe as esquinas, ambos a vão transformando em areia, ao longo do tempo. Mas por mais que o tempo passe, o mar e os ventos não transformarão a areia novamente em pedra. Acho que somos todos um pouco como pedra, exposta aos elementos. Sabemos que no fim areia, porque a realidade é perita em destruir-nos, mas, enquanto vivermos, vamos resistindo, fiéis à nossa génese, e ao nosso propósito mundano..."
Pedro: escreve. Continua a escrever. É isso que te faz feliz e aos teus leitores.
Aconselho a compra e a leitura do teu novo livro que, resumidamente, conta a história de alguém que viveu um ( ) relacionamento que terminou mal.
Pois ainda bem que não tenho o talento literário do Pedro Rodrigues, porque, cada vez que uma relação amorosa me corresse mal e eu escrevesse um livro, já teria uma vastíssima obra literária…. (…)
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