Antes de mais, de onde surge o mote? De uma frase retirada ao As Mais Belas Coisas do Mundo, livro que é, e reproduzo do portal da editora: “A história de um menino que, dentro do abraço do avô, procura encontrar respostas para os mistérios do mundo. O avô, que tem ar de caçador de tesouros, revela-lhe o maior de todos para curar a tristeza e a despedida: o encanto”.

Cito o mote no seu contexto: “Eu queria ser sagaz, ter perspicácia, estar sempre inspirado. O meu avô pedia que não me desiludisse. Quem se desilude, morre por dentro. Dizia: é urgente viver encantado. O encanto é a única cura possível para a inevitável tristeza”.

(...) para voltar a Bandeira, se o É Urgente Viver Encantado não tresanda a “lirismo bem-comportado” que se abata sobre mim uma praga de Alvor e, para quem não conhece, em comparação com as pragas de Alvor, Putin é um copinho-de-leite.

Pergunto: a que ponto chegou a infantilização (ou o aparvalhamento) dos espíritos para que lirismo tão pateticamente raquítico pudesse ser escolhido para mote de um país com séculos de idade suficientes para ter juízo? E que dizer dos rodriguinhos linguísticos, do tom moralizador, da escrita inspiracional? (...)»

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