Na parte política, que não é abordada neste trabalho jornalístico do Diário as Beiras, a leitura foi clara: agradou a todos - disse aquilo que a FAP gostava de ouvir e deixou a porta aberta ao apoio do PSD Figueira a um independente nas autárquicas de 2025, naturalmente mediante um acordo pré-eleitoral.
Resultado: a previsão de maioria absoluta garantida, se tudo decorrer com normalidade, é óbvia.
Como escrevi na edição de Novembro de 2021 na Revista Óbvia, que continua a ser, obviamente, apenas uma opinião.
"Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais.
Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD.
Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha, não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes.
E Santana Lopes, se assim o quiser, nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD...
Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista.
Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021.
Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento?
Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira, continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?"
Vamos, pois, via Diário as Beiras, à entrevista dada por Santana Lopes ao Dez&10 na passada quarta-feira.
«O presidente da
Câmara da Figueira da
Foz encerrou a quinta
temporada do talk-show
Dez&10.
Na entrevista, no
dia em que o protocolo a
assinar entre o município
e a Universidade de Coimbra (UC) foi aprovado por
unanimidade e a estrada
do Cabo Mondego abriu
ao trânsito, o autarca levou ao
programa as duas mãos
cheias de projetos para
o desenvolvimento do
concelho.
Contudo, a materialização de projetos implica
investimentos. No caso
daqueles que Santana
Lopes anunciou, serão,
decerto, verbas muito
avultadas. No entanto, o
autarca figueirense garantiu que, “neste mandato, não haverá dívida
que não seja absolutamente unânime”.
Por outro lado, afiançou ainda,
o município recorrerá a
fundos europeus para as
obras e medidas anunciadas.
Questionado sobre o balanço de nove meses de
mandato, Santana Lopes
mencionou diversos projetos que tem entre mãos,
materiais e imateriais. E
destacou: “Mesmo que
não tivesse vindo fazer
mais nada neste mandato, se só fizesse isto que
aconteceu hoje [quarta-feira, referindo-se à
aprovação do histórico
protocolo com a UC], eu
já me sentiria contente.
Tenho muito mais para
fazer, mas já me sentiria
contente”.
Universidade de Coimbra no Cabo Mondego
Os imóveis e os terrenos
adjacentes da antiga fábrica de cal do Cabo Mondego estão a ser avaliados
pela câmara municipal,
tendo em vista a sua aquisição para a instalação da
UC, cuja atividade, na Figueira da Foz, arrancará
na Quinta das Olaias.
“Se correrem bem as negociações que estão em
curso, a aquisição é uma
hipótese. Pelo menos,
para uma parte das instalações da UC”, avançou
o presidente da câmara.
A
zona do antigo terminal
rodoviário deverá também ser transformada em
instalações da UC e em residências para estudantes
e outros serviços de apoio
aos universitários.
Santana Lopes apontou
que o objetivo principal
para este manado “é trabalhar para a Figueira
atingir outro patamar de
desenvolvimento”. Isto,
acrescentou: “Para as pessoas poderem viver cá e
serem melhor remuneradas, para a economia
crescer, apostarmos na
inovação e na investigação”.
O autarca apelou a uma
ideia coletiva. “Gostava
muito que todos nós assumíssemos, interiorizássemos isto: o grande
objetivo, o grande lema, a
grande estrada de trabalho é a inovação e a investigação em várias áreas
de atividade. A Figueira,
para dar o salto para este
patamar de desenvolvimento, tem de se destacar
a aí”, advogou.
Nova entrada da cidade e rua da República
Requalificar a entrada principal da cidade,
pelo lado da estação de
comboios, é uma antiga
ambição de Santana Lopes. Neste seu segundo
mandato, afirmou no
Dez&10, é mesmo para
fazer.
Para o efeito, vai
lançar “um grande concurso de ideias”, com a
colaboração da Ordem
dos Arquitetos. “Achamos que a cidade pode
ser muito mais bonita do
que é”.
“Vamos fazer uma intervenção, desde a rotunda
[de acesso à A14], abrangendo o futuro parque
urbano, até à zona da
estação. Pode passar por
uma solução viária que
esconda mais a zona da
rua de Coimbra e dos armazéns que ali estão, que
ficam ainda mais autónomos para funcionarem
comercialmente”, adiantou.
Ao abrigo desta intervenção, será ainda requalificada a rua da República. Santana Lopes
pretende replicar, nesta
artéria da Baixa da cidade, uma solução idêntica
à Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão, Itália.
Ou seja, com cobertura
transparente, a fim de
criar algo semelhante a
um centro comercial de
rua.
Desta vez, é “mesmo” para levantar voo
A construção de um
aeródromo municipal é
um projeto que Santana
Lopes recupera do seu
primeiro mandato (1997
- 2001), previsto para a
área que entretanto está
a ser utilizada para a expansão da Zona Industrial.
Desta vez, porém,
será construído no futuro parque empresarial
do Pincho.
“Mas vai ser
mesmo para avançar”,
garantiu.
A pista terá cerca de 800
metros e “um pequeno
hangar”.
“Estou a trabalhar para fazer o aeródromo, que está desenhado,
outra vez a meu pedido, pelos serviços da câmara”, adiantou. O investimento, cujo montante
não revelou, “não é muito significativo e faz um
“upgrade” [melhoria] do
concelho”, defendeu.
Campo de golfe regressa à agenda
Um outro projeto que
Santana Lopes pretendeu
materializar no primeiro
mandato foi um campo
de golfe, de 18 buracos,
na Lagoa da Vela. Mas deparou com a oposição do
então ministro do Ambiente, José Sócrates, que
acabou por inviabilizar o
investimento privado.
Desta vez, no entanto,
anunciou o presidente da
câmara, o equipamento
será projetado para uma
outra zona do concelho,
que não revelou, e terá 24
buracos. O autarca frisou
que, no Centro Litoral,
não há campos de golfe,
equipamentos desportivos que, afirmou, são
“uma razão de atratividade [turística] imensa”.
Novidades na piscina-mar
Santana Lopes, desde o
início do atual mandato
autárquico, deixou bem
claro que não gostava do
projeto de reabilitação
do complexo municipal da piscina-mar. Por
sua vez, o seu antecessor
Carlos Monteiro, atual
vereador e líder do PS
local, principal partido
da oposição, garantiu-lhe que não se oporá à
decisão que o sucessor
vier a tomar, incluindo a
denúncia do contrato de
concessão, por 50 anos,
concretizada pelos socialistas.
O que estava em causa
era a construção de uma
nova ala, para aumentar
a capacidade hoteleira,
que reduziria a piscina
descoberta. Perante a
oposição manifestada
por Santana Lopes, o concessionário aceitou desistir da concessão. “O que
posso garantir é que não
vai ser a câmara a fazer a
obra”, afiançou Santana
Lopes.
“A ver se conseguimos
um acordo com o concessionário”, disse ainda.
Face a este desenvolvimento, vender o imóvel
ou voltar a concessioná-lo a privados, eis a
questão. “Não excluo nenhuma das hipóteses”,
admitiu. Entretanto, o
complexo turístico continuará fechado e a autarquia prepara-se para
construir uma piscina
natural no areal urbano.
Paço de Maiorca também é para avançar
Santana Lopes tem uma
solução idêntica à da piscina-mar para o Paço de
Maiorca, ou seja, concessionar ou vender a privados os dois imóveis municipais e classificados.
A
parceria público-privada,
criada por Duarte Silva
(PSD) e desfeita por João
Ataíde (PS) - ambos já falecidos - , resultou numa
fatura de cerca de seis
milhões de euros para o
município e as obras de
adaptação para uma unidade hoteleira não foram
concluídas.
A solução poderá passar
por concessionar o imóvel, por 50 anos, a um fundo de investimento, que
o recupere e explore uma
atividade económica.
“Essa é a mais provável”,
avançou Santana Lopes. A
outra hipótese é coloca-lo
no mercado e ser vendido.
“Não sei se vale a pena
fazer novamente esse esforço [de investimento
pela autarquia]. Mais vale
concentramo-nos noutro
objetivo”, defendeu.
“Não
excluo a hipótese da alienação”, acrescentou.
O
paço está fechado há vários anos e em avançado
estado de degradação.»
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